Tu Ensinaste-me a Fazer uma Casa
Tu ensinaste-me a fazer uma casa:
com as mĂŁos e os beijos.
Eu morei em ti e em ti meus versos procuraram
voz e abrigo.
E em ti guardei meu fogo e meu desejo. ConstruĂ
a minha casa.
Porém não sei já das tuas mãos. Os teus lábios perderam-se
entre palavras duras e precisas
que tornaram a tua boca fria
e a minha boca triste como um cemitério de beijos.Mas recordo a sede unindo as nossas bocas
mordendo o fruto das manhĂŁs proibidas
quando as nossas mãos surgiam por detrás de tudo
para saudar o vento.E vejo teu corpo perfumando a erva
e os teus cabelos soltando revoadas de pássaros
que agora se recolhem, quando a noite se move,
nesta casa de versos onde guardo o teu nome.
Poemas sobre Sede de Joaquim Pessoa
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A Tua Boca
A tua boca. A tua boca.
Oh, também a tua boca.
Um tĂşnel para a minha noite.
Um poço para a minha sede.Os fios dormentes de água
que a tua lĂngua solta num grito cor-de-rosa
e a minha lĂngua sorve e canta
e os meus dentes mordem derramando a seiva
da tua primavera sem palavras
o poema inquieto e livre que a tua boca oferece
Ă minha boca.As loucas bebedeiras de ternura
por essa viagem até ao sangue.
Os beijos como fogueiras.
As lĂnguas como rosas.Oh, a tua boca para a minha boca.