Poemas sobre Sempre de Carlos Melo Santos

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Poemas de sempre de Carlos Melo Santos. Leia este e outros poemas de Carlos Melo Santos em Poetris.

Cântico ao Amor

Somos na obra do Mundo
um corpo em carne e desejo
que alimenta de alquimia
o tumulto do vento
que o tempo do teu corpo espalha
ao passar.

És mar,
Ă©s rainha
Ă©s o sol da tarde confidente
és acácia perfumada
companheira coroada
voz de inquietação
Ă©s insĂłnia de seda
nas paredes do meu corpo.
Sulcas a lembrança
batalhas a meu lado
vives comigo Ă s escondidas
mesmo no dia
do meu suicĂ­dio.

Recordas-me a tarde
nos Champs Elysées
mas também em Roma, Veneza ou Madrid
minha companheira coroada
minha acácia perfumada
trazes a tarde incendiada trazes
a tarde no teu olhar
lembras a praia
onde nas ondas mergulhámos,
vem contigo a madrugada
beijada de carĂ­cias,
meus olhos nĂŁo se cansam
sĂŁo fruto do teu reino
oh sempre bela
oh sempre rainha,
tua palavra determinante
tuas mĂŁos determinadas
tua alma vibrante
tua boca de eternidade
minha acácia perfumada
minha coluna rainha
falas comigo baixinho
dás-me tua vontade em surdina.

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Saudade

Ter saudade
Ă© vaga disforme de um corpo.
Ter saudade
é pássaro que aparece e se apaga
erguido de confusĂŁo
na angĂşstia, teste dado Ă  natureza
bruxuleante dentro de mim.
Ter saudade
Ă© fingir qualquer coisa que inquieta,
levantada, desenterrada do crivo da memĂłria.
Por vezes quando o tempo por ela passa
nĂŁo passa o tempo da saudade,
estátua rígida dum destino anoitecido,
passa um nada meio acontecido.
Saudade,
Ă© filha da alma do mundo
que de tanto ser outro
sou eu já.
Saudade,
porque viajas cansada
em horas dentro de mim?
Saudade
que vieste até à última força desta linha,
brumosa da eterna caminhada.
Sempre que vieres
sem avisares
leva-me contigo
para que a paz volte
Ă  memĂłria de meu corpo
como o rio que passa
no tempo final da minha natureza.