Este Ă© o PrĂłlogo

Deixaria neste livro
toda minha alma.
Este livro que viu
as paisagens comigo
e viveu horas santas.

Que compaixĂŁo dos livros
que nos enchem as mĂŁos
de rosas e de estrelas
e lentamente passam!

Que tristeza tĂŁo funda
Ă© mirar os retĂĄbulos
de dores e de penas
que um coração levanta!

Ver passar os espectros
de vidas que se apagam,
ver o homem despido
em PĂ©gaso sem asas.

Ver a vida e a morte,
a sĂ­ntese do mundo,
que em espaços profundos
se miram e se abraçam.

Um livro de poemas
Ă© o outono morto:
os versos sĂŁo as folhas
negras em terras brancas,

e a voz que os lĂȘ
Ă© o sopro do vento
que lhes mete nos peitos
— entranháveis distñncias. —

O poeta Ă© uma ĂĄrvore
com frutos de tristeza
e com folhas murchadas
de chorar o que ama.

O poeta é o médium
da Natureza-mĂŁe
que explica sua grandeza
por meio das palavras.

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