Poemas sobre SilĂȘncio de Octavio Paz

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Teus Olhos

Teus olhos sĂŁo a pĂĄtria do relĂąmpago e da lĂĄgrima,
silĂȘncio que fala,
tempestades sem vento, mar sem ondas,
pĂĄssaros presos, douradas feras adormecidas,
topĂĄzios Ă­mpios como a verdade,
outono numa clareira de bosque onde a luz canta no ombro
duma ĂĄrvore e sĂŁo pĂĄssaros todas as folhas,
praia que a manhĂŁ encontra constelada de olhos,
cesta de frutos de fogo,
mentira que alimenta,
espelhos deste mundo, portas do além,
pulsação tranquila do mar ao meio-dia,
universo que estremece,
paisagem solitĂĄria.

Tradução de Luis Pignatelli

SilĂȘncio

Assim como do fundo da mĂșsica
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
atĂ© que noutra mĂșsica emudece,
brota do fundo do silĂȘncio
outro silĂȘncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordaçÔes, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silĂȘncio
onde os silĂȘncios emudecem.

Tradução de Luis Pignatelli