Poemas sobre SilĂȘncio de Pablo Neruda

2 resultados
Poemas de silĂȘncio de Pablo Neruda. Leia este e outros poemas de Pablo Neruda em Poetris.

Velho Cego, Choravas

Velho cego, choravas quando a tua vida
era boa, e tinhas em teus olhos o sol:
mas se tens jĂĄ o silĂȘncio, o que Ă© que tu esperas,
o que Ă© que esperas, cego, que esperas da dor?

No teu canto pareces um menino que nascera
sem pés para a terra e sem olhos para o mar
como os das bestas que por dentro da noite cega
– sem dia ou crepĂșsculo – se cansam de esperar.

Porque se conheces o caminho que leva
em dois ou trĂȘs minutos atĂ© Ă  vida nova,
velho cego, que esperas, que podes esperar?

Se pela mais torpe amargura do destino,
animal velho e cego, nĂŁo sabes o caminho,
eu que tenho dois olhos to posso ensinar.

Tradução de Rui Lage

Amigo

1.
Amigo, toma para ti o que quiseres,
passeia o teu olhar pelos meus recantos,
e se assim o desejas, dou-te a alma inteira,
com suas brancas avenidas e cançÔes.

2.
Amigo – faz com que na tarde se desvaneça
este inĂștil e velho desejo de vencer.

Bebe do meu cĂąntaro se tens sede.

Amigo – faz com que na tarde se desvaneça
este desejo de que todas as roseiras
me pertençam.

Amigo,
se tens fome come do meu pĂŁo.

3.
Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto
que sem olhares verĂĄs na minha casa vazia:
tudo isto que sobe pelo muros direitos
– como o meu coração – sempre buscando altura.

Sorris-te – amigo. Que importa! NinguĂ©m sabe
entregar nas mĂŁos o que se esconde dentro,
mas eu dou-te a alma, ùnfora de suaves néctares,
e toda eu ta dou… Menos aquela lembrança…

… Que na minha herdade vazia aquele amor perdido
Ă© uma rosa branca que se abre em silĂȘncio…

Tradução de Rui Lage