Briga
Brigar Ă© simples.
Chame-se covarde ao contendor.
Ele olhe nos olhos e:
— Repete.
Repita-se: — Covarde.
EntĂŁo ele recite, resoluto:
— Puta que pariu.
— A sua, fio da puta.Cessem as palavras. Bofetão.
Articulem-se os dois no braço a braço.
Soco de lá soco de cá
pontapé calço rasteira
unha, dente, sérios, aplicados
na honra de lutar:
um corpo sĂł de dois que se embolaram.Dure o tempo que durar
a resistĂŞncia de um.
NĂŁo desdoura apanhar, mas que se cumpra
a lei da briga, simples.
Poemas sobre Simples de Carlos Drummond de Andrade
2 resultados Poemas de simples de Carlos Drummond de Andrade. Leia este e outros poemas de Carlos Drummond de Andrade em Poetris.
Certas Palavras
Certas palavras nĂŁo podem ser ditas
em qualquer lugar e hora qualquer.
Estritamente reservadas
para companheiros de confiança,
devem ser sacralmente pronunciadas
em tom muito especial
lá onde a polĂcia dos adultos
não adivinha nem alcança.Entretanto são palavras simples:
definem
partes do corpo, movimentos, actos
do viver que sĂł os grandes se permitem
e a nós é defendido por sentença
dos séculos.E tudo é proibido. Então, falamos.