Poemas sobre Som de Ary dos Santos

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A cidade Ă© um chĂŁo de palavras pisadas

A cidade Ă© um chĂŁo de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade Ă© um saco um pulmĂŁo que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade Ă© um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo Ă© uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.

Cantiga de Amigo

Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausĂŞncia tudo liso de espanto
e nem Camões Virgílio Shelley Dante
– o meu amigo está longe
e a distância é bastante.

Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mĂŁe nem pai
Ah não Camões Virgílio Shelley Dante!

– o meu amigo está longe
e a tristeza Ă© bastante.

Nada a nĂŁo ser este silĂŞncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai Camões Virgílio Shelley Dante:
o meu amigo está longe
e a saudade Ă© bastante!