Usura do Amor
Por cada hora em que agora me poupares
Eu dar-te-ei,
Usurário deus do Amor, vinte para ti
Quando meus cabelos castanhos os grisalhos igualarem.
Até então, Amor, deixa meu corpo reinar e permite
Que viaje, me hospede, arrebate, intrigue, possua, esqueça,
Retome a conquista do ano passado, e pense que até agora
Nunca nos tínhamos encontrado.Deixa-me tomar por minha qualquer carta de um rival,
E nove horas mais tarde,
Cumprir a promessa da meia-noite; pelo caminho, enganar
A criada, e contar à senhora da demora.
Deixa que não ame nenhuma — não —, só o jogo do amor.
Junto da erva do campo, dos doces da corte
Ou «coizinhas» da cidade, torna públicas
As disposições da minha mente.Fazes um bom negócio. Se já velho vier a ser
Inflamado por ti
E se, a tua própria honra, minha vergonha ou dor
Cobiças, muito mais ganharás nessa idade.
Faz então a tua vontade, porque sujeito e mandatário
E fruto do amor, Amor, a ti me submeto.
Poupa-me até então, e suportá-lo-ei, mesmo que ela seja
Uma que me ame.
Poemas sobre Sujeitos de John Donne
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