Fico Aguardando Telegramas
fico aguardando telegramas, os azuis
recados.
os poderes da manhĂŁ jĂĄ pouco duram.
Ă superfĂcie o som move na bocaum pouco sopro.
nĂŁo julgues que me importam as roldanas
do tempo no teu corposĂŁo certos os abismos de cartĂŁo
e falsa a neve que nos cobre os passos.
de graça a terra nos dispÔe na foto
e a idade inventa nomes que a dissipemdescobre-me impacientes os recados
o envelope da urgĂȘncia o intervalo
Poemas sobre Telegramas
3 resultadosJornal, longe
Que faremos destes jornais, com telegramas, notĂcias,
anĂșncios, fotografias, opiniĂ”es…?Caem as folhas secas sobre os longos relatos de guerra:
e o sol empalidece suas letras infinitas.Que faremos destes jornais, longe do mundo e dos homens?
Este recado de loucura perde o sentido entre a terra e o céu.De dia, lemos na flor que nasce e na abelha que voa;
de noite, nas grandes estrelas, e no aroma do campo serenado.Aqui, toda a vizinhança proclama convicta:
“Os jornais servem para fazer embrulhos”.E Ă© uma das raras vezes em que todos estĂŁo de acordo.
Genérico
E tu, meu pai? Adivinho esses vidrilhos
das lĂĄgrimas quebrando
um a um na boca triste mas
por dentro, para que digamos
mais tarde, sem invenção escusada:
o pai nĂŁo chorou.Eu soube das tuas fĂșrias
mordendo-se em silĂȘncio,
ou de como te pÔes
Ă s vezes tĂŁo de cinza.
O barco, o barco. Ficaremos
ainda estes minutos quantos.
Do que quiseres. E como quiseres.
Fala. Mas nada de telegramas
para depois da barra
– posso nĂŁo os abrir,
juro que posso.
Se eu fosse um amigo, se estivesses
em frente dum copo.
Custava menos. Assim
deslizas a unha
pelo tecido da farda, inĂștil
dedo terno com os olhos longe.
O pai, que nĂŁo chorou, tremia
de modo imperceptĂvel.Lembro-me da bebedeira
em Alpedrinha, na estalagem,
com o LuĂs Melo
subitamente velho.
«Tramados, på, tramados.»
O carro falha, sĂŁo as velas
os platinados sujos
«a puta que os pariu» (LuĂs).Um Ășltimo aceno sĂł vinho
para estas adolescentes
ao balcĂŁo do bar e depois e depois?