Poema de Amor
Se te pedirem, amor, se te pedirem
que contes a velha histĂłria
da nau que partiu
e se perdeu,
nĂŁo contes, amor, nĂŁo contes
que o mar Ă©s tu
e a nau sou eu.E se pedirem, amor, e se pedirem
que contes a velha fábula
do lobo que matou o cordeiro
e lhe roeu as entranhas,
nĂŁo contes, amor, nĂŁo contes
que o lobo Ă© a minha carne
e o cordeiro a minha estrela
que sempre tu conheceste
e te guiou — mal ou bem.Depois, sabes, estou enjoado
desta farsa.
Histórias, fábulas, amores
tudo me corre os ouvidos
a fugir.Sou o guerreiro sem forças
para erguer a sua espada,
sou o piloto do barco
que a tempestade afundou.NĂŁo contes, amor, nĂŁo contes
que eu tenho a alma sem luz.…Quero-me sĂł, a sofrer e arrastar
a minha cruz.
Poemas sobre Tempestade de Fernando Namora
2 resultadosPor Todos os Caminhos do Mundo
A minha poesia Ă© assim como uma vida que vagueia
pelo mundo,por todos os caminhos do mundo,
desencontrados como os ponteiros de um relĂłgio velho,
que ora tem um mar de espuma, calmo, como o luar
num jardim nocturno,ora um deserto que o simum veio modificar,
ora a miragem de se estar perto do oásis,
ora os pés cansados, sem forças para além.Que ninguém me peça esse andar certo de quem sabe
o rumo e a hora de o atingir,
a tranquilidade de quem tem na mĂŁo o profetizado
de que a tempestade não lhe abalará o palácio,
a doçura de quem nada tem a regatear,
o clamor dos que nasceram com o sangue a crepitar.Na minha vida nem sempre a bĂşssola se atrai ao mesmo
norte.
Que ninguém me peça nada. Nada.
Deixai-me com o meu dia que nem sempre Ă© dia,
com a minha noite que nem sempre Ă© noite
como a alma quer.NĂŁo sei caminhos de cor.