Violada

PossuĂ­ram-te nas ervas,
Deitada ao comprido
Ou lívida a pé:
Do estupro conservas
O sangue e o gemido
Na morte da fé.

Chegaste a cavalo
Trémula de espanto:
Esperavas levĂĄ-lo
Com modos de amor:
O fĂĄtum, num canto,
Violento ceifou-te
O pĂșbis em flor:
Dou-te
O acalanto
Mas nĂŁo hĂĄ palavras
Para tal horror!

Vem ainda em cĂłs, mulher,
Limpa as tuas lågrimas no meu lenço:
Nem pela dor sequer
Eu te pertenço.

O cavalo fugiu,
Deixou-te em fogo a fralda:
Que malfeliz RoldĂŁo
Para tal Alda!
Ao frio, ao frio,
Tinta de ti Ă© a ĂĄgua e sangue o chĂŁo.

Ponta Delgada a arder
Do prĂłprio pejo, quis
Em verde converter
O incĂȘndio do teu pĂșbis.

Mulher, nĂŁo me dĂȘs guerra,
Oh trĂĄgica enganada:
Tu Ă©s a minha terra
Na carne devastada
Como a Ilha queimada.