Lisboa perto e longe
Lisboa chora dentro de Lisboa
Lisboa tem palácios sentinelas.
E fecham-se janelas quando voa
nas praças de Lisboa – branca e rota
a blusa de seu povo – essa gaivota.Lisboa tem casernas catedrais
museus cadeias donos muito velhos
palavras de joelhos tribunais.
Parada sobre o cais olhando as águas
Lisboa é triste assim cheia de mágoas.Lisboa tem o sol crucificado
nas armas que em Lisboa estĂŁo voltadas
contra as mĂŁos desarmadas – povo armado
de vento revoltado violas astros
– meu povo que ninguĂ©m verá de rastos.Lisboa tem o Tejo tem veleiros
e dentro das prisões tem velas rios
dentro das mĂŁos navios prisioneiros
ai olhos marinheiros – mar aberto
– com Lisboa tĂŁo longe em Lisboa tĂŁo perto.Lisba Ă© uma palavra dolorosa
Lisboa sĂŁo seis letras proibidas
seis gaivotas feridas rosa a rosa
Lisboa a desditosa desfolhada
palavra por palavra espada a espada.Lisboa tem um cravo em cada mĂŁo
tem camisas que abril desabotoa
mas em maio Lisboa é uma canção
onde há versos que são cravos vermelhos
Lisboa que ninguem verá de joelhos.
Poemas sobre Tribunais de Manuel Alegre
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