Tu Ensinaste-me a Fazer uma Casa
Tu ensinaste-me a fazer uma casa:
com as mĂŁos e os beijos.
Eu morei em ti e em ti meus versos procuraram
voz e abrigo.
E em ti guardei meu fogo e meu desejo. ConstruĂ
a minha casa.
Porém não sei já das tuas mãos. Os teus lábios perderam-se
entre palavras duras e precisas
que tornaram a tua boca fria
e a minha boca triste como um cemitério de beijos.Mas recordo a sede unindo as nossas bocas
mordendo o fruto das manhĂŁs proibidas
quando as nossas mãos surgiam por detrás de tudo
para saudar o vento.E vejo teu corpo perfumando a erva
e os teus cabelos soltando revoadas de pássaros
que agora se recolhem, quando a noite se move,
nesta casa de versos onde guardo o teu nome.
Poemas sobre Tristes de Joaquim Pessoa
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Canção de Amor
Eu cantaria mesmo que tu nĂŁo existisses,
faria amor, assim, com as palavras.
Eu cantaria mesmo que tu nĂŁo existisses
porque haveria de doer-me a tua ausĂŞncia.Por isso canto. Alegre ou triste, canto.
Como se, cantando, tocasse a tua boca,
ainda antes da tua presença.
Direi mesmo, depois da tua morte.Eu cantaria mesmo que tu nĂŁo existisses,
Ăł minha amiga, doce companheira.
Eu festejo o teu corpo como um rio,
onde, exausto, chegarei ao mar.Sim, eu cantaria mesmo que tu nĂŁo existisses,
porque nada eu direi sem o teu nome.
Porque nada existe além da tua vida,
da tua pele macia, dos teus olhos magoados.Assim quero cantar-te, meu amor,
para além da morte, para além de tudo.