GRITO
De ti que inventaste
a paz
a ternura
e a paixĂŁo
o beijo
o beijo fundo intenso e louco
e deixaste lá para trás
a cĂ´ncava do medo
Ă hora entre cĂŁo e lobo
Ă hora entre lobo e cĂŁo.De ti que em cada ano
cada dia cada mĂŞs
nĂŁo paraste de acender
uma e outra vez
a flor eléctrica
do mais desvairado
coração.De ti que fugiste à estepe
e obrigaste
Ă ordem dos caminhos
o pastor
a cabra e o boi
e do fundo do tempo
me chamaste teu irmĂŁo.De ti que ergueste a casa
sobre estacas
e pariste
deuses e linguagens
guerras
e paisagens sem alento.De ti que domaste
o cavalo e os neutrões
e conquistaste
o lĂrico tropel
das águas e do vento.De ti que traçaste
a régua e esquadro
uma abĂłboda inquieta
semeada de nuvens e tritões
santidades e tormentos.De ti que levaste
a volupta da ambição
a trepar erecta
contra as leis do firmamento.
Poemas sobre Vento de José Fanha
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