O Sol Ă© Grande
O sol é grande, caem co’a calma as aves,
do tempo em tal sazĂŁo, que sĂłi ser fria;
esta água que d’alto cai acordar-m’-ia
do sono nĂŁo, mas de cuidados graves.Ă“ cousas, todas vĂŁs, todas mudaves,
qual é tal coração qu’em vós confia?
Passam os tempos vai dia trás dia,
incertos muito mais que ao vento as naves.Eu vira já aqui sombras, vira flores,
vi tantas águas, vi tanta verdura,
as aves todas cantavam d’amores.Tudo é seco e mudo; e, de mestura,
também mudando-m’eu fiz doutras cores:
e tudo o mais renova, isto Ă© sem cura!
Poemas sobre Vento de Sá de Miranda
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Ă“ Meus Castelos de Vento
Ă“ meus castelos de vento
que em tal cuita me pusestes,
como me vos desfizestes!Armei castelos erguidos,
esteve a fortuna queda,
e disse:– Gostos perdidos,
como is a dar tĂŁo grĂŁ queda!
Mas, oh! fraco entendimento!
em que parte vos pusestes
que entĂŁo me nĂŁo socorrestes?CaĂstes-me tĂŁo asinha
caĂram as esperanças;
isto não foram mudanças,
mas foram a morte minha.
Castelos sem fundamento,
quanto que me prometestes.
quanto que me falecestes!