Poemas sobre Vez de Friedrich Nietzsche

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Poemas de vez de Friedrich Nietzsche. Leia este e outros poemas de Friedrich Nietzsche em Poetris.

A Piedosa Beppa

Enquanto o meu corpo for belo
É pecado ser piedosa,
É sabido que Deus gosta das mulheres,
E das bonitas sobretudo.
Ele perdoará, tenho a certeza,
Facilmente ao pobre fradezinho
Que tanto procura a minha companhia
Como muitos outros fradezinhos.

Não é um velhorro padre da Igreja,             .
NĂŁo, Ă© jovem, muitas vezes vermelho,
Muitas vezes, apesar da mais cinzenta tristeza,
Pleno de desejo e de ciĂşme.
NĂŁo gosto dos velhos.
Ele nĂŁo gosta das velhas:
Que admiráveis e sábios
SĂŁo os caminhos do Senhor!

A Igreja sabe viver,
Sonda os corações e os rostos,
Insiste em perdoar-me…
Quem não me perdoará, então?
TrĂŞs palavras na ponta da lĂ­ngua,
Uma reverĂŞncia e ide embora:
O pecado deste minuto
Apagará o antigo.

Bendito seja Deus na Terra,
Gosta das raparigas bonitas
E perdoa de bom grado
Os tormentos do amor.
Enquanto o meu corpo for belo
É pena ser piedosa;
Case o diabo comigo
Quando eu já não tiver dentes.

Remédio para o Pessimismo

Queixas-te porque nĂŁo encontras nada a teu gosto?
SĂŁo entĂŁo sempre os teus velhos caprichos
Ouço-te praguejar, gritar e escarrar…
Estou esgotado, o meu coração despedaça-se.
Ouve, meu caro, decide-te livremente.
A engolir um sapinho bem gordinho,
De uma sĂł vez e sem olhar.
É remédio soberano para a dispepsia.

As Minhas Rosas

Sim! a minha ventura quer dar felicidade;
NĂŁo Ă© isso que deseja toda a ventura?
Quereis colher as minhas rosas?
Baixai-vos entĂŁo, escondei-vos,
Entre as rochas e os espinheiros,
E chupai muitas vezes os dedos.
Porque a minha ventura Ă© maligna,
Porque a minha ventura é pérfida.
Quereis apanhar as minhas rosas?

Consolação para os Principiantes

Vede a criança, rodeada de porcos a grunhir,
Desarmada, encolhendo os dedos dos pés.
Chora, nĂŁo sabe fazer mais nada senĂŁo chorar.
Será alguma vez capaz de ficar de pé e de caminhar?
Coragem! E depressa, penso eu,
Podereis ver a criança dançar;
Logo que conseguir manter-se de pé,
Haveis de a ver caminhar de cabeça para baixo.

Ă“ Minha Felicidade

Revejo os pombos de SĂŁo Marcos:
A praça está silenciosa; ali se repousa a manhã.
Indolentemente envio os meus cantos para o seio da suave
frescura,
Como enxames de pombos para o azul
Depois torno a chamá-los
Para prender mais uma rima Ă s suas penas.
— Ó minha felicidade! Ó minha felicidade!

Calmo céu, céu azul-claro, céu de seda,
Planas, protector, sobre o edifĂ­cio multicor
De que gosto, que digo eu?… Que receio, que invejo…
Como seria feliz bebendo-lhe a alma!
Alguma vez lha devolveria?
NĂŁo, nĂŁo falemos disso, Ăł maravilha dos olhos!
— Ó minha felicidade! Ó minha felicidade!

Severa torre, que impulso leonino
Te levantou ali, triunfante e sem custo!
Dominas a praça com o som profundo dos teus sinos…
Serias, em francês, o seu «accent aigu»!
Se, como tu, eu ficasse aqui,
Saberia a seda que me prende…
— Ó minha felicidade! Ó minha felicidade!

Afasta-te, mĂşsica. Deixa primeiro as sombras engrossar
E crescer até à noite escura e tépida.
É ainda muito cedo para ti, os teus arabescos de ouro
Ainda nĂŁo cintilam no seu esplendor de rosa;

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