Os Anos Quarenta
Amo-te mais quando olho quando
para a torneira do gĂĄs quando estou nu Ă noite quando
e começo a mexer em pùnico os ossos da mão direita
hĂĄ domingos hĂĄ a infĂąncia em que se parou numas escadas altas
ouvia-se a guerra ia-se para a cama por causa do ciclone
e quando o vento vem e decepa e quando
as ĂĄrvores da rua Ă© a mĂŁe que recorta
uns papéis
brancos para colar nos vidros
ou quando (da capo) esse homem
nu Ă noite quando olhae vejo vĂȘ-se
o indicador direito
manchado de nicotinadepois uma vez desfila
a vitĂłria! surpreendo-os na sala
que me dĂŁo dinheiro e corro a comprar barros
na feira e quando quando coisas assim
partia logo e isso era a tristezavolto a pensar: que queria eu na infĂąncia
o sol? outro nome sobre o meu tĂŁo frĂĄgil?amo-te mais Ă noite portanto
quando dobro as calças e começo
quando esse gesto Ăștil quando
bate numas pernas e vĂȘ-se
de trinta e cinco anos
Poemas sobre Vidros de Fernando Assis Pacheco
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