Delicadeza
Essa delicadeza, cada vez mais difĂcil, pela qual se perde
a vida, como a entendo,
pratico.
Essa subtileza de pesadelo branco, como a sinto
extrema sempre,
Ă s vezes.
IngĂ©nua – um animal discreto; sem dono
e sem direitos.
Por ela arrisco um aceitar alguém
que nunca foi
criança.
Um ler que me não prende mais a atenção, um ser gentil
para com uma pessoa ingrata
– um cultivar uma paixĂŁo isenta
“dos cardos do contacto”.
Um nĂŁo precisar esclarecer seja o que for,
pois tudo na vida Ă© afinal
bem mais sério
do que parece.
Ă por essa gentileza
que se um grito me chega ao ouvido
prefiro escutar nele o cheiro de um corpo que se perdeu
do meu
e ainda assim dizer
Deus seja louvado,
oxalĂĄ ele consiga agora ficar
silencioso qual rasto de leitura sem palavra.
Sim, Ă© por essa gentileza, mulher poeta ou homem sensĂvel
– nĂŁo me distingo nem de um nem do outro -,
que muito embora as minhas esperanças
se tenham desfeito hĂĄ muito
me permito,
Poemas sobre Vigilantes de Eduarda Chiote
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