Os Anos de Ti para Mim
O teu cabelo volta a ondular-se quando choro. Com o azul dos
teus olhos
pões a mesa do nosso amor: uma cama entre o verão e o
outono.
Bebemos o que alguém preparou, que não era eu, nem tu, nem
um terceiro:
sorvemos um Ăşltimo vazio.Miramo-nos nos espelhos do mar profundo e passamos mais
depressa um ao outro os alimentos:
a noite é a noite, começa com a manhã,
é ela que me deita a teu lado.Tradução de João Barrento e Y. K. Centeno
Poemas sobre Voltas de Paul Celan
2 resultados Poemas de voltas de Paul Celan. Leia este e outros poemas de Paul Celan em Poetris.
Fala Também Tu
Fala também tu,
fala em Ăşltimo lugar,
diz a tua sentença.Fala —
Mas nĂŁo separes o NĂŁo do Sim.
Dá à tua sentença igualmente o sentido:
dá-lhe a sombra.Dá-lhe sombra bastante,
dá-lhe tanta
quanta exista Ă tua volta repartida entre
a meia-noite e o meio-dia e a meia-noite.Olha em redor:
como tudo revive à tua volta! —
Pela morte! Revive!
Fala verdade quem diz sombra.Mas agora reduz o lugar onde te encontras:
Para onde agora, oh despido de sombra, para onde?Sobe. Tacteia no ar.
Tornas-te cada vez mais delgado, irreconhecĂvel, subtil!
Mais subtil: um fio,
por onde a estrela quer descer:
para em baixo nadar, em baixo,
onde pode ver-se a cintilar: na ondulação
das palavras errantes.Tradução de João Barrento e Y. K. Centeno