As Atracções Inferiores
Faz pena. A gente elege entre trinta mil almas meia dĂşzia de indivĂduos para conviver, e, afinal, chega perto deles a defender uma pureza polĂtica, uma pureza profissional, uma pureza sexual, e caem sobre nĂłs mil argumentos dum pragmatismo dĂşbio, suspeito, que confrange. Longe de se receber estĂmulo para combater as tentações, encontra-se um escorregadoiro conivente para o abismo delas. — É o meio — repito de cada vez, a tentar iludir-me. Mas Ă© inĂştil vendar o olhos. AtĂ© o meio geográfico se pode vencer, quanto mais o meio social. Na luta contra as atracções inferiores do ambiente humano Ă© que está precisamente a beleza duma vida. O meio! Eles Ă© que sĂŁo o meio, assim perdidos, duplos, comprometidos com a podridĂŁo atĂ© Ă raiz.
Passagens sobre Pragmatismo
3 resultadosO paĂs real quer coisas práticas, ver as questões resolvidas com pragmatismo e eficácia. Quer o fim da total instabilidade que se verifica há uns anos na sociedade portuguesa.
A Imaginação é a Base do Homem
De tal modo a imaginação Ă© a base do homem — Joana de novo — que todo o mundo que ele tem construĂdo encontra sua justificativa na beleza da criação e nĂŁo na sua utilidade, nĂŁo em ser o resultado de um plano de fins adequados Ă s necessidades. Por isso Ă© que vemos multiplicarem-se os remĂ©dios destinados a unir o homem Ă s ideias e instituições existentes — a educação, por exemplo, tĂŁo difĂcil — e vemo-lo continuar sempre fora do mundo que ele construiu. O homem levanta casas para olhar e nĂŁo para nelas morar. Porque tudo segue o caminho da inspiração. O determinismo nĂŁo Ă© um determinismo de fins, mas um estreito determinismo de causas. Brincar, inventar, seguir a formiga atĂ© seu formigueiro, misturar água com cal para ver o resultado, eis o que se faz quando se Ă© pequeno e quando se Ă© grande. É erro considerar que chegamos a um alto grau de pragmatismo e materialismo. Na verdade o pragmatismo — o plano orientado para um dado fim real — seria a compreensĂŁo, a estabilidade, a felicidade, a maior vitĂłria de adaptação que o homem conseguisse. No entanto fazer as coisas «para quê» parece-me, perante a realidade,