Procura ser tão gentil com a tua mulher como no tempo que a conquistaste.
Passagens sobre Procura
542 resultadosA violência que fala é já uma violência que procura ter razão; é uma violência que se coloca na órbita da razão e que começa já a negar-se como violência.
A Felicidade Provém da Plena Posse das Suas Faculdades
O ódio à razão, tão frequente nos nossos dias, é devido em grande parte ao facto dos movimentos da razão não serem concebidos duma forma suficientemente fundamental. O homem dividido contra si mesmo procura estímulos e distracções; ama as paixões fortes, não por razões profundas, mas porque momentâneamente elas lhe permitem evadir-se de si próprio e afastam dele a dolorosa necessidade de pensar.
Toda a paixão é para ele uma forma de intoxicação, e desde que não pode conceber uma felicidade fundamental, a intoxicação parece-lhe o único alívio para o seu sofrimento. Isso, no entanto, é o sintoma duma doença de raízes profundas. Quando não há tal doença, a felicidade provém da plena posse das suas faculdades. É nos momentos em que o espírito está mais activo, em que menos coisas são esquecidas que se sentem alegrias mais intensas. Esta é, sem dúvida, uma das melhores pedras de toque da felicidade. A felicidade que exige intoxicação de não importa que espécie, é falsa e não dá qualquer satisfação. A felicidade que satisfaz verdadeiramente é acompanhada pelo completo exercício das nossas faculdades e pela compreensão plena do mundo em que vivemos.
Meu amor, meu amor
Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormentoeste mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.
Suponho que a história da minha vida é uma busca de amor, mas mais do que isso, fui à procura de um caminho próprio para a reparação dos danos que sofri desde o início, bem como definir a minha obrigação, se eu tivesse alguma, para mim e para minha espécie.
Só triunfa no mundo quem se levanta e procura as circunstâncias – e as cria quando não as encontra.
O ciumento acaba sempre encontrando mais do que procura.
O Tonel do Rancor
O Rancor é o tonel das Danaidas alvíssimas;
A Vingança, febril, grandes olhos absortos,
procura em vão encher-lhes as trevas profundíssimas,
Constante, a despejar pranto e sangue de mortos.O Diabo faz-lhe abrir uns furos misteriosos
Por onde se estravasa o líquido em tropel;
Mil anos de labor, de esforços fatigosos,
Tudo seria vão para encher o tonel.O Rancor é qual ébrido em sórdida taverna,
Que quanto mais bebeu inda mais sede tem,
Vendo-a multiplicar como a hidra de Lerna.– Mas se o ébrio feliz sabe com quem se avém,
O Rancor, por seu mal, não logra conseguir,
Qual torvo beberrão, acabar por dormir.Tradução de Delfim Guimarães
Uma palavra é como a nota que procura outras para um acorde perfeito.
Eu não Sou de Ferro
Nize, eu não sou de ferro, e atenuado,
Ainda que o fora, o uso me teria;
Porque enfim do trabalho na porfia
Se consome o metal mais obstinado.Instrumento não há tão reforçado,
Que resista do tempo à bataria:
Gasta o martelo a safra, e a terra fria
Pouco a pouco consome o curvo arado.Tudo assim é: o amor o mais ardente,
No contínuo incêndio se evapora;
E o mesmo me acontece ultimamente.Outro procura pois; e te melhora
De amante, ou mais afouto, ou mais valente;
Que eu já não posso mais; fica-te embora.
Cada delito embora privado, ofende a sociedade, mas nem todo delito procura sua destruição imediata.
É assim tão longínqua a felicidade? No tempo, refiro-me à sua distância no tempo; em termos de perspetiva, não está longe nem perto, a felicidade é algo por que se espera, que se procura, e quando começas a cansar-te de esperar, o dono do local onde marcaste encontro com ela tem pressa em fechar o estabelecimento (espere, espere, não me empurre, por favor, deixe-me acabar esse copo). À tua frente, a porta em direção à qual ele te empurra, e lá fora estende-se a noite que terás de enfrentar sozinho, a escuridão que assusta a criança, e não queres mergulhar nesse negrume.
A Sede de Explicações
Tão irredutível quanto a necessidade de crer, a necessidade de explicações acompanha o homem desde o berço até ao túmulo. Ela contribuiu para criar os seus deuses e diariamente determina a génese de numerosas opiniões. Essa necessidade intensa facilmente se satisfaz. As respostas mais rudimentares são suficientes. A facilidade com que é contentada foi a origem de grande número de erros. Sempre ávido de certezas definitivas, o espírito humano guarda muito tempo as opiniões falsas fundadas na necessidade de explicações e considera como inimigos do seu repouso aqueles que as combatem.
O principal inconveniente das opiniões baseadas em explicações erróneas é que, admitindo-as como definitivas, o homem não procura outras. Supor que se conhece a razão das coisas é um meio seguro de não a descobrir. A ignorância da nossa ignorância tem retardado de longos séculos os progressos das ciências e ainda, aliás, os restringe. A sede de explicações é tal que sempre foi achada alguma para os fenómenos menos compreensíveis. O espírito tem mais satisfação em admitir que Júpiter lança o raio do que em se confessar ignorante em relação às causas que o fazem rebentar. Para não confessar a sua ignorância em certos assuntos, a própria ciência muitas vezes se contenta com explicações análogas.
Tentei fugir da mancha mais escura
Tentei fugir da mancha mais escura
que existe no teu corpo, e desisti.
Era pior que a morte o que antevi:
era a dor de ficar sem sepultura.Bebi entre os teus flancos a loucura
de não poder viver longe de ti:
és a sombra da casa onde nasci,
és a noite que à noite me procura.Só por dentro de ti há corredores
e em quartos interiores o cheiro a fruta
que veste de frescura a escuridão…Só por dentro de ti rebentam flores.
Só por dentro de ti a noite escuta
o que me sai, sem voz, do coração.
Memória
Tudo que sou, no imaginado
silêncio hostil que me rodeia,
é o epitáfio de um pecado
que foi gravado sobre a areia.O mar levou toda a lembrança.
Agora sei que me detesto:
da minha vida de criança
guardo o prelúdio dum incesto.O resto foi o que eu não quis:
perseguição, procura, enlace,
desse retrato feito a giz
pra que não mais eu me encontrasse.Tu foste a noiva que não veio,
irmã somente prometida!
— O resto foi a quebra desse enleio.
O resto foi amor, na minha vida.
Deixo-te livre para sentir minha falta, se é que faço falta. Tens meu número, na verdade, meu coração, então se sentir vontade de falar comigo, me procura você.
Aprenda, menina, quem não te procura não sente sua falta.
Uma Certa Quantidade
Uma certa quantidade de gente à procura
de gente à procura duma certa quantidadeSoma:
uma paisagem extremamente à procura
o problema da luz (adrede ligado ao problema da vergonha)
e o problema do quarto-atelier-aviãoEntretanto
e justamente quando
já não eram precisos
apareceram os poetas à procura
e a querer multiplicar tudo por dez
má raça que eles têm
ou muito inteligentes ou muito estúpidos
pois uma e outra coisa eles são
Jesus Aristóteles Platão
abrem o mapa:
dói aqui
dói acoláE resulta que também estes andavam à procura
duma certa quantidade de gente
que saía à procura mas por outras bandas
bandas que por seu turno também procuravam imenso
um jeito certo de andar à procura deles
visto todos buscarem quem andasse
incautamente por ali a procurarQue susto se de repente alguém a sério encontrasse
que certo se esse alguém fosse um adolescente
como se é uma nuvem um atelier um astro
Quem procura amigos, merece encontrá-los; quem não tem nenhum, nunca os desejou.
Três Poemas da Solidão
I
Nem aqui nem ali: em parte alguma.
Não é este ou aquele o meu lugar.
Desço à praia, mergulho as mãos no mar,
mas do mar, nos meus dedos, fica a espuma.Meu jardim, minha cerca, meu pomar.
Perpassa a Ideia e mói, como verruma.
Falar mas para quê? Só por falar?
Já nada quer dizer coisa nenhuma.Os instintos à solta, como feras,
e eu a pensar em velhas primaveras,
no antigo sortilégio das palavras.Agora é tudo igual, prazer e dor,
e a tua sementeira não dá flor,
ó triste solidão que as almas lavras.II
Tão só!
Cada vez são mais longos os caminhos
que me levam à gente.
(E os pensamentos fechados em gaiolas,
as ideias em jaulas.)Ah, não fujam de mim!
Não mordo, não arranho.
Direi:
— «Pois não! Ora essa! Tem razão».Entanto, na gaiola,
cantarão em silêncio
os sonhos, as ideias,
como pássaros mudos.III
Solidão.
A multidão em volta
e o pensamento à solta
como alado corcel.