Vimos do Tempo da Falta Mínima
Vimos do tempo da falta mínima
da casa construindo as folhas de quadrícula
(quando um traço mais que expressivo preenche
o vazio de uma folha)
nem beleza nem fim
nem número ordenador como fantasma.Todas as memórias partilhámos
a ruína compreende tudo.
Compreender quer dizer abraçar
(linhas e cruzamentos na procura da folha)
o mundo inteiro nos é dado.Mais tarde (mais além
dois furos a passagem para o útil)
as dunas darão lugar a campos cultivados?
Quero dizer
não rejeito do movimento toda a impaciência
toda a dissolução.
(pouco a pouco) Até onde podemos ir?
Passagens sobre Procura
542 resultadosO Eu procura libertar-se eliminando todos os obstáculos à sua passagem. Em parte é livre, em parte é determinado. Numa palavra a vida é um esforço no sentido da liberdade.
Já diziam os antigos que há duas maneiras de procurar: uma é andar às voltas à procura daquilo que se perdeu, outra é ficar num sítio à espera que aquilo que se perdeu nos encontre.
O homem fraco teme a morte, o desgraçado a chama; o valente a procura. Só o sensato a espera.
A Decadência do Espírito de Competição
O espírito de competição, considerado como a principal razão da vida, é demasiado inflexível, demasiado tenaz, demasiado composto de músculos tensos e de vontade decidida para servir de base possível à existência durante mais de uma ou duas gerações. Depois desse espaço de tempo, deve produzir-se uma fadiga nervosa, vários fenómenos de evasão, uma procura de prazeres, tão tensa e tão penosa como o trabalho (pois o afrouxamento tornou-se impossível) e finalmente a desaparição da raça devido à esterilidade. Não somente o trabalho é envenenado pela filosofia que exalta o espírito de competição mas os ócios são-no na mesma medida.
O género de descanso que acalma e restaura os nervos chega a ser aborrecimento. Produz-se fatalmente uma aceleração contínua cujo fim normal são as drogas e a ruína. O remédio consiste na aceitação duma alegria sã e serena como elemento indispensável ao equilíbrio ideal da vida.
Procura acomodar-te sempre ao humor das pessoas com quem te vejas obrigado a tratar; com as que
Procura acomodar-te sempre ao humor das pessoas com quem te vejas obrigado a tratar; com as que possuem carácter alegre, sê alegre; participa da tristeza dos tristes; enfim, esforça-te por a todos conquistar.
Mergulho a cabeça nos lençóis a procura do seu cheiro, que também não está lá.
Amargura
Só podes me ofertar o silêncio e a amargura,
– meu pobre amor de ti só espera a indiferença…
Perdoa o meu amor… perdoa-me a loucura
que quem tem, como eu tenho, um coração, não pensa…Há muito pela vida eu seguia à procura
de alguém que viesse encher de luz minha descrença…
Foi então que te vi… e julguei que a ventura
pudesse ainda encontrar nesta jornada imensa…E foi assim que um dia eu fui sentimental…
Acreditei no amor… E, talvez por castigo
fizeste-me sofrer – mas não te quero mal…Quem amou, fui eu só… Eu nunca fui amado!…
Mereço a minha dor, e este sofrer bendigo
na amargura cruel de me julgar culpado!
Aquele que procura pérolas deve mergulhar fundo.
Deixai que a Vida sobre Vós Repouse
Deixai que a vida sobre vós repouse
qual como só de vós é consentida
enquanto em vós o que não sois não ouseerguê-la ao nada a que regressa a vida.
Que única seja, e uma vez mais aquela
que nunca veio e nunca foi perdida.Deixai-a ser a que se não revela
senão no ardor de não supor iguais
seus olhos de pensá-la outra mais bela.Deixai-a ser a que não volta mais,
a ansiosa, inadiável, insegura,
a que se esquece dos sinais fatais,a que é do tempo a ideada formosura,
a que se encontra se se não procura.
Viver
Mas era apenas isso,
era isso, mais nada?
Era só a batida
numa porta fechada?E ninguém respondendo,
nenhum gesto de abrir:
era, sem fechadura,
uma chave perdida?Isso, ou menos que isso
uma noção de porta,
o projecto de abri-la
sem haver outro lado?O projecto de escuta
à procura de som?
O responder que oferta
o dom de uma recusa?Como viver o mundo
em termos de esperança?
E que palavra é essa
que a vida não alcança?
Se numericamente és mais fraco, procura a retirada.
Ao Amor
O que desejas de mim
nunca o dará o lampejo de um momento,
a conquista de um dia da montanha.Meu corpo — para ti somente —
deve emergir a cada gesto límpido
e profundo deve ser meu futuro
para reter-te e recriar-te permanente.Sei que em mim te estenderás, não mais disperso,
em desejo e em procura de teu filho
e que todo movimento de meu ser
será o rumo de teu universo.E por isso temo. No meu sentimento
sofro por ti. Receio
ser larga a hesitação de meu caminho,
ser um mito a conquista da montanha,
ser pobre e fugaz o meu espaço
na extensão que reduz teu infinito.
Porque o arrependimento, como o desejo, não procura analisar-se, mas sim satisfazer-se.
Às vezes o que a gente procura, não é o que a gente procura. É o que a gente encontra.
lâmpada votiva
1. teve longa agonia a minha mãe
teve longa agonia a minha mãe:
seu ser tornou-se um puro sofrimento
e a sua voz apenas um lamento
sombrio e lancinante, mas ninguémpodia fazer nada, era novembro,
levou-a o sol da tarde quando a face
lhe serenou, foi como se acordasse
outra espessura dela em mim. relembrosombras e risos, coisas pequenas, nadas,
e horas graves da infância e idade adulta
que este silêncio oculta e desoculta
nessas pobres feições desfiguradas.quanta canção perdida se procura,
quanta encontrada em lágrimas murmura.2. e não queria ser vista e foi envolta
e não queria ser vista e foi envolta
num lençol branco em suas dobras leves,
pus junto dela algumas rosas breves
e a lembrança represa ficou soltae foi à desfilada. De repente,
a minha mãe já não estava morta:
era o vulto que à noite se recorta
na luz do corredor, se está doentealgum de nós, a mão que pousa e traz
algum sossego à fronte,
A procura maciça foi criada quase totalmente pelo desenvolvimento da publicidade.
Ao escolher uma pessoa para ser teu cônjuge, procura saber o motivo pelo qual ele(a) quer se casar, se tem algum ideal, qual é seu hobby, e verifica se as idéias dela(a) combinam com as tuas.
As Necessidades do Consumidor
As necessidades do consumidor podem ter origem estranha, frívola e até imoral, e no entanto pode defender-se optimamente uma sociedade que procura satisfazê-las. Mas a defesa perde o sentido se é o processo de satisfazer necessidades que as cria.
Pergunta e Interrogação
Uma pergunta não interroga: uma pergunta diz a resposta. Porque uma pergunta está do lado do problema a resolver, do ainda simplesmente desconhecido; e a interrogação está do lado do insondável. A pergunta desenvolve-se na clara horizontalidade; a interrogação, na obscura verticalidade.
Como em jogo de cabra-cega, em que há seres à nossa volta, a pergunta orienta-se entre os que lhe não pertencem até achar o que procura. Mas a interrogação não encontra, porque nada há para achar. O limite da sua esperança está menos no triunfo de um encontro, do que no cansaço, na resignação, ou na evidência natural do que nos coube, como nos é evidente e tranquilo o termos cinco sentidos e não mais. Mas até lá o caminho é longo e inimaginável na imobilidade desta noite. Verdadeiramente é única a sorte que nos visitou. Legaram-nos a tradição da pergunta-e-resposta como o passatempo de um jogo. Porque até mesmo o interrogar degenerou depressa em pergunta.