Se choras porque não consegues ver o sol, as tuas lágrimas imperdir-te-ão de ver as estrelas.
Passagens de Rabindranath Tagore
92 resultadosO único mundo da mulher é o coração do homem.
O carimbo da morte é que dá o seu valor à moeda da vida e a torna capaz de comprar o que tem valor real.
Carrega de ouro as asas do pássaro e ele nunca mais voará pelo céu.
Ă€ Espera do Amado
Disse-me baixinho:
— Meu amor, olha-me nos olhos.
Ralhei-lhe, duramente, e disse-lhe:
— Vai-te embora.
Mas ele nĂŁo foi.
Chegou ao pĂ© de mim e agarrou-me as mĂŁos…
Eu disse-lhe:
— Deixa-me.
Mas ele nĂŁo deixou.Encostou a cara ao meu ouvido.
Afastei-me um pouco,
fiquei a olhá-lo e disse-lhe:
— Não tens vergonha? Nem se moveu.
Os seus lábios roçaram a minha face.
Estremeci e disse-lhe:
— Como te atreves?
Mas ele nĂŁo se envergonhou.Prendeu-me uma flor no cabelo.
Eu disse-lhe:
— É inútil.
Mas ele nĂŁo fez caso.
Tirou-me a grinalda do pescoço
e abalou.
Continuo a chorar,
e pergunto ao meu coração:
Porque é que ele não volta?Tradução de Manuel Simões
Eu dormia e sonhava que a vida era alegria. Despertei e vi que a vida era serviço. Servi e aprendi o serviço era alegria.
A Mulher Inspiradora
Mulher, não és só obra de Deus;
os homens vĂŁo-te criando eternamente
com a formosura dos seus corações,
e os seus anseios
vestiram de glĂłria a tua juventude.Por ti o poeta vai tecendo
a sua imaginária tela de oiro:
o pintor dá às tuas formas,
dia apĂłs dia,
nova imortalidade.Para te adornar, para te vestir,
para tornar-te mais preciosa,
o mar traz as suas pérolas,
a terra o seu oiro,
sua flor os jardins do Verão.Mulher, és meio mulher,
meio sonho.Tradução de Manuel Simões
O eco zomba de sua origem para provar sua originalidade.
Dá-me esse amor que conserva tranquilo o coração, na plenitude da paz!
Quando as cordas de minha vida se afinarem, a cada toque Seu soará a música do amor.
Vivemos no mundo quando o amamos.
O meu poema Ă© a resposta da alma ao apelo do universo.
PaixĂŁo Secreta
Acordei com os primeiros pássaros,
já minha lâmpada morria.
Fui até à janela aberta e sentei-me,
com uma grinalda fresca
nos cabelos desatados…
Ele vinha pelo caminho
na névoa cor de rosa da manhã.
Trazia ao pescoço
uma cadeia de pérolas
e o sol batia-lhe na fronte.
Parou Ă minha porta
e disse-me ansioso:
— Onde está ela?
Tive vergonha de lhe dizer:
— Sou eu, belo caminhante,
sou eu.Anoitecia
e ainda nĂŁo tinham acendido as luzes.
Eu atava o cabelo, desconsolada.
Ele chegava no seu carro
todo vermelho, aceso pelo sol poente.
Trazia o fato cheio de poeira.
Fervia a espuma
na boca anelante dos seus cavalos…
Desceu Ă minha porta
e disse-me com voz cansada:
— Onde está ela?
Tive vergonha de lhe dizer:
— Sou eu, fatigado caminhante,
sou eu.Noite de Abril.
A lâmpada arde neste meu quarto
que a brisa do Sul
enche suavemente.
O papagaio palrador
dorme na sua gaiola.
O meu vestido Ă© azul
como o pescoço dum pavão,
Esconde teu pranto, sĂł mostres ao mar. Pois o teu doce amor, pode um dia voltar!…
Se choras porque perdeste o sol, as lágrimas não te deixarão ver as estrelas.
Morrer é o apagar da lâmpada ao nascer do dia e não o apagar do sol.
A mesma torrente de vida, que dia e noite, percorre as minhas veias, percorre o mundo em cadenciadas maneiras.
O que se ocupa demasiado a fazer o bem nĂŁo tem tempo para ser bom.
Que eu nunca mendigue paz para a minha dor, mas coração forte para dominá-la.
A verdade dificilmente está do lado de quem mais grita.