O Temor Combate-se com a Esperança
Não haverá razão para viver, nem termo para as nossas misérias, se fôr mister temer tudo quanto seja temível. Neste ponto, põe em acção a tua prudência; mercê da animosidade de espírito, repele inclusive o temor que te acomete de cara descoberta. Pelo menos, combate uma fraqueza com outra: tempera o receio com a esperança. Por certo que possa ser qualquer um dos riscos que tememos, é ainda mais certo que os nossos temores se apaziguam, quando as nossas esperanças nos enganam.
Estabelece equilíbrio, pois, entre a esperança e o temor; sempre que houver completa incerteza, inclina a balança em teu favor: crê no que te agrada. Mesmo que o temor reuna maior número de sufrágios, inclina-a sempre para o lado da esperança; deixa de afligir o coração, e figura-te, sem cessar, que a maior parte dos mortais, sem ser afectada, sem se ver seriamente ameaçada por mal algum, vive em permanente e confusa agitação. É que nenhum conserva o governo de si mesmo: deixa-se levar pelos impulsos, e não mantém o seu temor dentro de limites razoáveis. Nenhum diz:
– Autoridade vã, espírito vão: ou inventou, ou lho contaram.
Flutuamos ao mínimo sopro. De circunstâncias duvidosas,
Passagens sobre Risco
173 resultadosAquele que procura a verdade corre o risco de a encontrar.
A Boa e a Má Fama
No mundo sempre correu igual risco a boa como a má opinião, e na opinião de muitos, mais arriscada foi sempre a boa que a má fama; porque as grandes prendas são muito ruidosas, e muitas vezes foi reclamo para o perigo mais certo o mais estrondoso ruído. O impertinente canto de uma cigarra nunca motivou atenções ao curioso caçador das aves. A melodia, sim, do rouxinol, que este sempre despertou o cuidado ao caçador, para lhe aparelhar o laço. A primeira cousa que se esconde dos caçadores com instinto natural, suposta a história por verdadeira, que muitos têm por fabulosa, é o carbúnculo, aquele diamante de luz, que lhe comunicou a natureza, como quem conhece que, em seu maior luzir, está o seu maior perigar. O ruído que faz a grande fama também faz com que o grande seja de todos roído, quando nas asas da fama se vê mais sublimado. Quem em as asas da fama voa também padece; porque não há asas sem penas, ainda que estas sejam as plumagens, com que o benemérito se adorna. Só aos mortos costumamos dizer se fazem honras, e será porque, a não acabarem as honras com a morte, a ninguém consentiria aplausos o mundo,
Do que adianta você ter essa alma colada aos ossos dessa carne errada? Sem o risco a vida não vale a pena.
O medo agora é que meu novo modo não faça sentido? mas por que não me deixo guiar pelo que for acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade.
A única coisa que me faz prosseguir é a certeza de que não és feliz. Temos mentido tanto, e tanto sofrido por mentir, que não há grande risco em tentar a cura através da sinceridade.
Não ofendas a ninguém, pois correrás o risco de provocar o poderoso ou maltratar o fraco.
Era uma Pedra Feminina
Era uma pedra feminina
muito perto de uma pedra bem masculina
onde
a todo o comprimento do mastro
batiam os dentes das aves.
E o que restava das mãos mais antigas
pedia ainda dinamite
talheres avulso
mastodontes inviolados
alguns jovens em renda para bordar as estradas
hastes primaveris correndo o risco de se tornarem de bronze
acenando
a uma paisagem
hexagonal
maior que a soma de todas as janelas.
Conquistas sem riscos são sonhos sem méritos. Ninguém é digno dos sonhos se não usar suas derrotas para cultivá-los. do livro O Vendedor de Sonhos
Por falta de ordem, o tempo corre o risco de passar rapidamente sem ter sido bem empregue.
Crescer ou Decrescer
Tudo o que não cresce, decresce e arrisca-se a desaparecer. Este parece ser um princípio básico da vida. Não há meio termo, ninguém fica de fora desta realidade. Se deixo de investir numa relação, ela não se aguenta; se não dou continuidade à minha formação, deformo-me inevitavelmente, e por aí fora… E quem não continua a investir na fé e no amor, corre o risco de perder ambas as coisas.
(
Amar alguém ou alguma coisa é primacialmente instalá-lo num clima de plena liberdade, com todos os riscos que a liberdade comporta: desejar é limitar na liberdade; a nós e aos outros.
Fiar-se só de si, e aconselhar-se só consigo, tem o perigo do amor-próprio; fiar-se só de outro, e aconselhar-se só com outro, tem o risco do interesse alheio.
Amigo, a que Vieste?
Onde foste ao bater das quatro horas
e, antes, quem eras tu, se eras?
Amigo ou inimigo, posso falar-te agora
sentado à minha frente e com os ombros
vergados ao peso da caneta?
Falo-te sobre a cabeça baixa
e vejo para além de ti, no horizonte,
teus riscos e passadas;
mas não sei onde foste, nem se eras.
Olho-te ao fundo, sob o sol e a chuva,
fazendo gestos largos ou só um leve aceno;
dizes palavras antigas,
de antes das quatro horas,
e nada sei de ti que tu me digas
dessa cabeça surda.
Não te pergunto pela verdade,
que pensas de amanhã ou se já leste Goethe;
sequer se amaste ou amas
misteriosamente
uma mulher, um peixe, uma papoila.
Não quero essa mudez de condolências
a mim, a ti, ou só à terra
que tu e eu pisamos — e comemos.
Pergunto simplesmente se tu eras,
quem eras, e onde foste
depois que se fizeram quatro horas.Será que não tens olhos? Não tos vejo.
De longe em longe
agitas a cabeça,
O conformista é inerte e mentalmente preguiçoso. Não exerce suas escolhas por medo de assumir os riscos.
Há dois tipos de pessoas: as que correm riscos; e as que estão mortas.
Um dos riscos de escrever máximas é que nos colocamos na condição de sermos citados.
Eu preciso de não-conformistas, dissidentes, aventureiros, forasteiros e rebeldes que questionem, subvertam as regras e assumam riscos……pessoas boazinhas com bom senso não são personagens interessantes.
É preciso correr riscos. Só entendemos direito o milagre da vida quando deixamos que o inesperado aconteça. (Na Margem do Rio Piedra Eu sentei e Chorei)
O que busca a verdade corre o risco de encontrá-la.