Passagens sobre Satisfação

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A Necessidade de Juízos de Valor

Qualquer que seja a sua situação, um homem tem necessidade de juízos de valor, mercê dos quais justifica – aos seus próprios olhos, e sobretudo aos dos que o cercam – os seus actos, as suas intenções e os seus estados; melhor dizendo: a maneira de se glorificar a si próprio.
Toda a moral natural exprime a satisfação que uma certa espécie de homens experimenta. Mas, tendo nós necessidade de elogios, também a temos de uma tábua concordante de valores, na qual os nossos actos mais fáceis figurem como os que exprimem a nossa verdadeira força e sejam os de mais elevada estima. É naquilo em que somos mais fortes que queremos ser vistos e honrados.

Estou convencido de que a ‘tarefa primordial’ das instituições humanas, dentre as quais também o progresso, seja aquela de não apenas preservar os homens de sofrimentos inúteis e da morte precoce, mas também de conservar no homem toda a sua humanidade: a satisfação do trabalho desenvolvido com a inteligência das mãos e da mente, a satisfação de ajudar-se mutuamente e de um relacionamento feliz com os homens e com a natureza, a satisfação do conhecimento da arte.

Contra a Ansiedade

Sempre que te aconteça alguma coisa contrária à tua expectativa diz a ti mesmo que os deuses tomaram uma decisão superior! Com semelhante disposição de espírito, nada terás a temer. Esta disposição de espírito consegue-se pensando na instabilidade da vida humana antes de a experimentarmos em nós, olhando para os filhos, a mulher, os bens como algo que não possuiremos para sempre, e evitando imaginarmo-nos mais infelizes um dia que deixemos de os possuir. Será a ruína do espírito andarmos ansiosos pelo futuro, desgraçados antes da desgraça, sempre na angústia de não saber se tudo o que nos dá satisfação nos acompanhará até ao último dia; assim, nunca conseguiremos repouso e, na expectativa do que há-de vir, deixaremos de aproveitar o presente. Situam-se, de facto, ao mesmo nível a dor por algo perdido e o receio de o perder. Isto não quer dizer que te esteja incitando à apatia! Pelo contrário, procura evitar as situações perigosas; procura prever tudo quanto seja previsível; procura conjecturar tudo o que pode ser-te nocivo muito antes de que te suceda, para assim o evitares. Para tanto, ser-te-á da maior utilidade a autoconfiança, a firmeza de ânimo apta a tudo enfrentar. Quem tem ânimo para suportar a fortuna é capaz de precaver-se contra ela;

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Não Mostrar Satisfação Consigo Mesmo

Viva, nem descontente, que é pouquidade, nem satisfeito consigo mesmo, que é nescidade. Nasce essa satisfação no mais das vezes da ignorância, e vai ter uma felicidade néscia que, embora satisfaça o gosto, não sustenta o crédito. Como não percebe as superlativas perfeições nos outros, contenta-se com qualquer vulgar mediocridade em si. Sempre foi útil, além de prudente, a desconfiança, ou como prevenção para que as coisas saiam bem, ou para consolo quando saiam mal; pois o desaire da sorte não surpreende quem já o temia. O próprio Homero às vezes dormita, e Alexandre cai do seu estado e do seu engano. As coisas dependem de muitas circunstâncias, e a que triunfa num lugar e em tal ocasião, em outra malogra. Mas a incorrigibilidade do néscio está em ter convertido em flor a mais vã satisfação, cuja semente está sempre a brotar.

O aparecimento de meu primeiro livro não me deu grande satisfação. Esperava que o atacassem, que me descompusessem e eu, por isso, tendo o dever de revidar, cobraria novas forças; mas tal não se deu; calaram-se uns e os que dele trataram o elogiaram. É inútil dizer que nada pedi.

Tu Dás-me Objectivos, Direcção e Felicidade

Eu estava à procura na ciência da satisfação que o esforço da pesquisa e o momento da descoberta oferecem; eu nunca fui daquelas pessoas que não aguentam o pensamento de terem desperdiçado a sua vida antes de terem conseguido escrever o seu nome na rocha pelo meio das ondas. Mas quando penso como é que eu seria se não te tivesse encontrado – sem ambição, sem saber desfrutar os pequenos prazeres da vida, sem qualquer fascínio pela magia do ouro, e ao mesmo tempo dotado de uma inteligência moderada e sem quaisquer meios materiais – iria sentir-me muito miserável e entraria em declínio. Tu dás-me não apenas objectivos e direcção, mas também tanta felicidade, que nunca poderia sentir-me insatisfeito com o presente infortunado que vivo neste momento; tu dás-me esperança e a certeza do sucesso. Eu sabia-o mesmo antes de tu me amares e sei-o agora que tu me amas, e é graças a ti que me tornei um homem auto-confiante e corajoso.

Agrada-te a Ti

Nunca conseguirás agradar a todos, mas podes sempre agradar-te a ti.

Querer agradar a toda a gente é o primeiro passo para o desrespeito e o caminho mais rápido para a perdição.

É, aliás, tão perigoso e letal que chega a ofuscar toda a luz que nos alimenta e dizimar todo e qualquer sentido de vida com o qual tenhamos nascido. Quem escolhe essa via nunca passará de um pássaro de asas partidas, frágil e desesperado, que a qualquer momento pode ser pisado, caçado, esmagado ou morto por qualquer um. E o que não falta aí é gente que precisa cilindrar, torturar e macerar alguém para sentir algum bem-estar na sua vida.

Não te podes permitir isso.

Não podes querer ser o par de sapatos de toda a gente.

Tens de ser as tuas pernas, o teu próprio coração e a orientação da tua cabeça.

De que te adianta agradar a todos se isso pode ser desagradável para ti?

As pessoas só vão gostar todas de ti depois de morreres ou se escolheres ficar calado para sempre, o que, e na minha opinião, é apenas outra forma de estar morto,

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Nada iguala a satisfação de termos cumprido o nosso dever como uma boa noite de sono, uma excelente refeição e um belo momento de amor.

O interior das famílias é muitas vezes perturbado por desconfianças, ciúmes e antipatias, e enganam-nos as aparências de satisfação, calma e cordialidade, fazendo-nos supor uma paz que não existe; poucas há que ganham em ser aprofundadas.

O trabalho não é a satisfação de uma necessidade, mas apenas um meio para satisfazer outras necessidades.

A ciência permanecerá sempre a satisfação do desejo mais alto da nossa natureza, a curiosidade; fornecerá sempre ao homem o único meio que ele possui de melhorar a própria sorte.

Há os que fazem gentileza ao próximo com satisfação se for por iniciativa deles próprios, mas que se rebelam quando solicitados a praticá-la. A gentileza dessas pessoas não é verdadeira por que ainda contém ego. A gentileza só será verdadeira quando a pessoa for capaz de praticá-la docilmente, sem manifestar o ego. A gentileza é para vivificar o próximo, e não para vivificar o ego. Anulando-se o ego, vivifica-se o ‘Eu verdadeiro’.

O Prestígio de um Poeta

O prestígio que possa ter alcançado (prestígio equivoco no qual se integra a malquerença de alguma gente, que aceito com satisfação) não poderia constituir uma poltrona. O prestígio é uma armadilha dos nossos semelhantes. Um artista consciente saberá que o êxito é prejuízo. Deve-se estar disponível para decepcionar os que confiaram em nós. Decepcionar é garantir o movimento. A confiança dos outros diz-lhes respeito. A nós mesmos diz respeito outra espécie de confiança. A de que somos insubstituíveis na nossa aventura e de que ninguém a fará por nós. De que ela se fará à margem da confiança alheia.

Hábito e Inércia

Ao princípio, somos carne animada pela alma; a meio caminho, meias máquinas; perto do fim, autómatos rígidos e gelados como cadáveres. Quando a morte chega, encontramo-nos em tudo semelhantes aos mortos. Esta petrificação progressiva é obra do hábito.
O hábito torna-nos cegos às maravilhas do mundo – indiferentes e inconscientes perante os milagres quotidianos -, embota a força dos sentidos e dos sentimentos – torna-nos escravos dos costumes, mesmo tristes e culpados: suprime a vista, espanto, fogo e liberdade. Escravos, frígidos, insensatos, cegos: tudo propriedade dos cadáveres. A subjugação aos hábitos é uma subjugação da morte; um suicídio gradual do espírito.
O hábito suprime as cores, incrusta, esconde: partes da nossa vida afundam-se gradualmente na inconsciência e deixam de ser vida para se tornarem peças de um mecanismo imprevisto. O círculo do espontâneo reduz-se; a liberdade e novidade decaem na monotonia do vulgar.
É como se o sangue se tornasse, a pouco e pouco, sólido como os ossos e a alma um sistema de correias e rodas. A matéria não passa de espírito petrificado pelos hábitos. Nasce-se espírito e matéria e termina-se apenas como matéria. A casca converteu em madeira a própria linfa.
A casca é necessária para proteger o albume,

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Em Portugal cada um Quer Tudo

E quando os homens são de tal condição, que cada um quer tudo para si, com aquilo com que se pudera contentar a quatro, é força que fiquem descontentes três. O mesmo nos sucede. Nunca tantas mercês se fizeram em Portugal, como neste tempo; e são mais os queixosos, que os contentes. Porquê? Porque cada um quer tudo. Nos outros reinos com uma mercê ganha-se um homem; em Portugal com uma mercê, perdem-se muitos. Se Cleofas fora português, mais se havia de ofender da a metade do pão que Cristo deu ao companheiro, do que se havia de obrigar da outra metade, que lhe deu a ele. Porque como cada um presume que se lhe deve tudo, qualquer cousa que se dá aos outros, cuida que se lhe rouba. Verdadeiramente, que não há mais dificultosa coroa que a dos reis de Portugal: por isto mais, do que por nenhum outro empenho.
(…) Em nenhuns reis do mundo se vê isto mais claramente que nos de Portugal. Conquistar a terra das três partes do mundo a nações estranhas, foi empresa que os reis de Portugal conseguiram muito fácil e muito felizmente; mas repartir três palmos de terra em Portugal aos vassalos com satisfação deles,

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