Sonetos sobre Abraço de J. G. de Araújo Jorge

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Sonetos de abraço de J. G. de Araújo Jorge. Leia este e outros sonetos de J. G. de Araújo Jorge em Poetris.

Domínio

Hoje, tu já não coras se te abraço,
hoje, tu já não foges ao meu beijo…
Sabes que és minha… e o que desejo e faço
é o que faz e deseja o teu desejo…

Ficas mais bela no desembaraço
da suave intimidade em que te vejo…
Nada negas – e dando-me o que almejo
tudo me dás – quando o teu corpo enlaço!

quando o teu corpo junto ao meu se aninha…
Vives pelo prazer de seres minha,
e és dócil e flexível como uma haste,

No abandono total em que te enleias,
quem diria, que um dia, já negaste
com a mesma boca com que agora anseias!

Sensual

Ainda sinto o teu corpo ao meu corpo colado;
nos lábios, a volúpia ardente do teu beijo;
no quarto a solidão, desnuda, ainda te vejo,
a olhar-me com olhar nervoso e apaixonado…

Partiste!… Mas no peito ainda sinto a ânsia e o latejo
daquele último abraço inquieto e demorado…
– Na quentura do espaço a transpirar pecado,
Ainda baila a figura estranha do desejo…

Não posso mais viver sem ter-te nos meus braços!
– Quando longe tu estás, minha alma se alvoroça
julgando ouvir no quarto o ruído dos teus passos…

Na lembrança revejo os momentos felizes,
e chego a acredita que a minha carne moça
na tua carne moça até criou raízes!…