Sonetos sobre Acaso de William Shakespeare

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Sonetos de acaso de William Shakespeare. Leia este e outros sonetos de William Shakespeare em Poetris.

Comparar-te a um Dia de VerĂŁo?

Comparar-te a um dia de verĂŁo?
Há mais ternura em ti, ainda assim:
um maio em flor Ă s mĂŁos do furacĂŁo,
o foral do verĂŁo que chega ao fim.

Por vezes brilha ardendo o olhar do céu;
outras, desfaz-se a compleição doirada,
perde beleza a beleza; e o que perdeu
vai no acaso, na natureza, em nada.

Mas juro-te que o teu humano verĂŁo
será eterno; sempre crescerás
indiferente ao tempo na canção;

e, na canção sem morte, viverás:
Porque o mundo, que vĂŞ e que respira,
te verá respirar na minha lira.

Tradução de Carlos de Oliveira

NĂŁo te ArruĂ­nes, Alma, Enriquece

Centro da minha terra pecadora,
alma gasta da prĂłpria rebeldia,
porque tremes lá dentro se por fora
vais caiando as paredes de alegria?

Para quĂŞ tanto luxo na morada
arruinada, arrendada a curto prazo?
Herdam de ti os vermes? Na jornada
do corpo te consomes ao acaso?

NĂŁo te arruĂ­nes, alma, enriquece:
vende as horas de escĂłria e desperdĂ­cio
e compra a eternidade que mereces,

sem piedade do servo ao teu serviço.
Devora a Morte e o que de nós terá,
que morta a Morte nada morrerá.

Tradução de Carlos de Oliveira