Sonetos sobre Agrado de Cláudio Manuel da Costa

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Sonetos de agrado de Cláudio Manuel da Costa. Leia este e outros sonetos de Cláudio Manuel da Costa em Poetris.

VI

Brandas ribeiras, quanto estou contente
De ver nos outra vez, se isto Ă© verdade!
Quanto me alegra ouvir a suavidade,
Com que FĂ­lis entoa a voz cadente!

Os rebanhos, o gado, o campo, a gente,
Tudo me está causando novidade:
Oh como Ă© certo, que a cruel saudade
Faz tudo, do que foi, mui diferente!

Recebei (eu vos peco) um desgraçado,
Que andou té agora por incerto giro
Correndo sempre atrás do seu cuidado:

Este pranto, estes ais, com que respiro,
Podendo comover o vosso agrado,
Façam digno de vós o meu suspiro.

LVI

Tu, ninfa, quando eu menos penetrado
Das violĂŞncias de Amor vivia isento,
Propondo-te entĂŁo bela a meu tormento,
Foste doce ocasiĂŁo de meu cuidado.

Roubaste o meu sossego, um doce agrado,
Um gesto lindo, um brando acolhimento
Foram somente o Ăşnico instrumento,
Com que deixaste o triunfo assegurado.

Já não espero ter felicidade,
Salvo se for aquela, que confio,
Por amar-te, apesar dessa impiedade.

Em prĂŞmio dos suspiros, que te envio,
Ou modera o rigor da crueldade,
Ou torna-me outra vez meu alvedrio.