IV
Vagueiam suavemente os teus olhares
Pelo amplo céu franjado em linho:
Comprazem-te as visĂ”es crepusculares…
Tu és uma ave que perdeu o ninho.Em que nichos doirados, em que altares
Repoisas, anjo errante, de mansinho?
E penso, ao ver-te envolta em véus de luares,
Que vĂȘs no azul o teu caixĂŁo de pinho.Ăs a essĂȘncia de tudo quanto desce
Do solar das celestes maravilhas…
– Harpa dos crentes, cĂtola da prece…Lua eterna que nĂŁo tivesse fases,
Cintilas branca, imaculada brilhas,
E poeiras de astros nas sandĂĄlias trazes…
Sonetos sobre Altar de Alphonsus de Guimaraens
2 resultados Sonetos de altar de Alphonsus de Guimaraens. Leia este e outros sonetos de Alphonsus de Guimaraens em Poetris.
II
MĂŁos de finada, aquelas mĂŁos de neve,
De tons marfĂneos, de ossatura rica,
Pairando no ar, num gesto brando e leve,
Que parece ordenar, mas que suplica.Erguem-se ao longe como se as eleve
Alguém que ante os altares sacrifica:
MĂŁos que consagram, mĂŁos que partem breve,
Mas cuja sombra nos meus olhos fica…MĂŁos de esperança para as almas loucas,
Brumosas mĂŁos que vĂȘm brancas, distantes,
Fechar ao mesmo tempo tantas bocas…Sinto-as agora, ao luar, descendo juntas,
Grandes, magoadas, pĂĄlidas, tateantes,
Cerrando os olhos das visĂ”es defuntas…