Soneto
N’augusta solidĂŁo dos cemitĂ©rios,
Resvalando nas sombras dos ciprestes,
Passam meus sonhos sepultados nestes
Brancos sepulcros, pálidos, funéreos.São minhas crenças divinais, ardentes
– Alvos fantasmas pelos merencĂłrios
TĂşmulos tristes, soturnais, silentes,
Hoje rolando nos umbrais marmóreos.Quando da vida, no eternal soluço,
Eu choro e gemo e triste me debruço
Na lájea fria dos meus sonhos pulcros.Desliza então a lúgubre coorte,
E rompe a orquestra sepulcral da morte,
Quebrando a paz suprema dos sepulcros.
Sonetos sobre Alvo de Augusto dos Anjos
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PlenilĂşnio
Desmaia o plenilúnio. A gaze pálida
Que lhe serve de alvĂssimo sudário
Respira essências raras, toda a cálida
MĂstica essĂŞncia desse alampadário.E a lua Ă© como um pálido sacrário,
Onde as almas das virgens em crisálida
De seios alvos e de fronte pálida,
Derramam a urna dum perfume vário.Voga a lua na etérea imensidade!
Ela, eterna noctâmbula do Amor,
Eu, noctâmbulo da Dor e da Saudade.Ah! como a branca e merencórea lua,
TambĂ©m envolta num sudário – a Dor,
Minh’alma triste pelos cĂ©us flutua!