A um Corpo Perfeito
Nenhum corpo mais lacteo e sem defeito
Mais roseo, esculptural e femenino,
Pode igualar-se ao seu, branco e divino
Immovel, n霉, sobre o comprido leito! –Nada te eguala! O ferro do assassino
Podia, hoje, matal-a, que o meu peito
Seria o esquife embalsamado e fino
D’aquelle corpo sem rival, perfeito.Por isso 茅 muito altiva e apetecida; –
E o goso sensual de a v锚r vencida
Ha de ser forte, extranho e singular…Como o das cousas dignas de castigo;
– Ou d’um amante sacerdote antigo,
Derrubando uma deusa d’um altar.
Sonetos sobre Amantes de Ant贸nio Gomes Leal
4 resultadosOs Brilhantes
N茫o ha mulher mais pallida e mais fria,
E o seu olhar azul vago e sereno
Faz como o effeito d’um luar ameno
Na sua tez que 茅 morbida e macia.Como Levana … esta mulher sombria
Traz a Morte cruel ao seu aceno,
O Suicidio e a D么r!… Lembra do Rheno
Um conto, 谩 luz crepuscular do dia.Por isso eu nunca invejo os seus amantes!
– E em quanto hontem, gabavam seus brilhantes,
No theatro, com vistas fascinadas…Tortura das vis玫es… incomprehensiveis!
Em vez d’elles, cri ver brilhar – horriveis
E verdadeiras lagrimas geladas!
A Joven Miss
Ella 茅 t茫o loura, lyrica, franzina,
T茫o mimosa, quieta, e virginal,
Como uma bella virgem d’um missal
Toda dourada, e preciosa e fina!N茫o ha gra莽a mais casta e femenina
Do que a d’ella! Seu riso angelical
Cria em n贸s todo um mundo de moral,
Melhor que tudo o que Plat茫o ensina!Por isso; e pela sua castidade,
Deve ser goso intenso, na verdade,
Sentir fundir-se em n贸s seus olhos regios!..E o goso de a beijar tr茅mula, amante,
Deve ser quasi extranho! – e semelhante
Ao de fazer terriveis sacrilegios.
O Doente Rom芒ntico
Eu sei que morrerei, discreta amante,
Antes do inverno vir; mas, lentamente,
Quero morrer 谩 tua luz radiante,
Como os t铆sicos 谩 luz do sol poente!Sou rom芒ntico assim! O tempo ardente
Das chimeras vai longe! V茫o, constante,
Morrerei crendo em ti… e o azul distante
Olhando como um s谩bio ou um doente!…– Mas, eu n茫o preso a tarde ensanguentada…
Nem o rumor do Sol! – quero a calada
Noute brumosa junto do Oceano…E assim, sem ai nem dor, entre a neblina,
Morrer-me, como morre a balsamina,
– E ouvindo, em sonho, os ais do teu piano.