Soneto Do Amor Demais

Não, já não amo mais os passarinhos
A quem, triste, contei tanto segredo
Nem amo as flores despertadas cedo
Pelo vento orvalhado dos caminhos.

NĂŁo amo mais as sombras do arvoredo
Em seu suave entardecer de ninhos
Nem amo receber outros carinhos
E até de amar a vida tenho medo.

Tenho medo de amar o que de cada
Coisa que der resulte empobrecida
A paixĂŁo do que se der Ă  coisa amada

E que nĂŁo sofra por desmerecida
Aquela que me deu tudo na vida
E que de mim sĂł quer amor – mais nada.