Soneto Já Antigo
Olha, Daisy: quando eu morrer tu hás de
dizer aos meus amigos aĂ de Londres,
embora nĂŁo o sintas, que tu escondes
a grande dor da minha morte. Irás deLondres p’ra Iorque, onde nasceste (dizes…
que eu nada que tu digas acredito),
contar Ă quele pobre rapazito
que me deu tantas horas tĂŁo felizes,Embora nĂŁo o saibas, que morri…
mesmo ele, a quem eu tanto julguei amar,
nada se importará… Depois vai dara notĂcia a essa estranha Cecily
que acreditava que eu seria grande…
Raios partam a vida e quem lá ande!
Sonetos sobre Amigos de Fernando Pessoa
2 resultados Sonetos de amigos de Fernando Pessoa. Leia este e outros sonetos de Fernando Pessoa em Poetris.
Glosa
Quem me roubou a minha dor antiga,
E sĂł a vida me deixou por dor?
Quem, entre o incĂŞndio da alma em que o ser periga,
Me deixou sĂł no fogo e no torpor?Quem fez a fantasia minha amiga,
Negando o fruto e emurchecendo a flor?
Ninguém ou o Fado, e a fantasia siga
A seu infiel e irreal sabor…Quem me dispĂ´s para o que nĂŁo pudesse?
Quem me fadou para o que não conheço
Na teia do real que ninguém tece?Quem me arrancou ao sonho que me odiava
E me deu só a vida em que me esqueço,
“Onde a minha saudade a cor se trava ?”