Sonetos sobre Amor de Euclides da Cunha

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Sonetos de amor de Euclides da Cunha. Leia este e outros sonetos de Euclides da Cunha em Poetris.

Rimas

Ontem – quando, soberba, escarnecias
Dessa minha paixĂŁo – louca – suprema
E no teu lábio, essa rósea algema,
A minha vida – gĂ©lida – prendias…

Eu meditava em loucas utopias,
Tentava resolver grave problema…
Como engastar tua alma num poema?
E eu nĂŁo chorava quando tu te rias…

Hoje, que vivo desse amor ansioso
E Ă©s minha – Ă©s minha, extraordinária sorte,
Hoje eu sou triste sendo tĂŁo ditoso!

E tremo e choro – pressentindo – forte,
Vibrar, dentro em meu peito, fervoroso,
Esse excesso de vida – que Ă© a morte…

D. Quixote

Assim Ă  aldeia volta o da “triste figura”
Ao tardo caminhar do Rocinante lento:
No arcaboiço dobrado – um grande desalento,
No entristecido olhar – uns laivos de loucura…

Sonhos, a glĂłria, o amor, a alcantilada altura
Do ideal e da FĂ©, tudo isto num momento
A rolar, a rolar, num desmoronamento,
Entre os risos boçais do Bacharel e o Cura.

Mas, certo, Ăł D. Quixote, ainda foi clemente
Contigo a sorte, ao pôr nesse teu cérebro oco
O brilho da IlusĂŁo do espĂ­rito doente;

Porque há cousa pior: é o ir-se a pouco e pouco
Perdendo, qual perdeste, um ideal ardente
E ardentes ilusões – e nĂŁo se ficar louco!