Sonetos sobre Amor de Walmir Ayala

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Sonetos de amor de Walmir Ayala. Leia este e outros sonetos de Walmir Ayala em Poetris.

Viola

Ai, nĂŁo morras de amor, de amor nĂŁo morre
o amor que mata amor morosamente.
NĂŁo creias no que te arma de descrente
e sendo anti-socorro te socorre.

Naquela simples gala, justamente,
é início da pobreza — isto que morre
sendo amor que te mata e te socorre
no amor que mata amor, morosamente.

Há uma pressa escondida e inata nessa
morosa perda, amor, que de repente
te instiga a dar medida ao que nĂŁo cessa.

Se te apraz dar socorro ao que socorre,
aceita o que te mata eternamente
e nĂŁo morras de amor, que amor nĂŁo morre.

Noite Escura

Noite escura do amor, em que me deito
com teu corpo de luz, eu assombrado
deste fantasma de repente alado
amplificando a jaula do meu peito.

Deixando-o infinito, maculado
de sangue e espuma (Ă© mar este fantasma?
ou pássaro de mar que em onda espalma
seu corpo que é de luz e céu desfeito).

E a noite escura que era o amor se ajunta
em feixes de silĂŞncio e de desmaio
para a festa defunta

de ver ressurreições: tempo em que caio
para em sombras cantar mais docemente
este sol que me põe preso e demente.

Amor, se te Repito

Amor, se te repito, se te clamo
se te exijo e te cravo em mim, se espero
sabendo que nĂŁo vens, e se te gero
em cada instante meu, e se te amo,

amor, se te reservo o que mais quero,
se te acredito exacto e te reclamo,
se te adivinho e sonho e te proclamo
Deus, coração e pátria, o que venero.

Amor, se te situo necessário,
se me unifico em ti, eu que fui vário
e fraco para todas as batalhas,

em nome de que glĂłria irei firmado
a conquistar-te, amor, se nem me Ă© dado
pedir no instante extremo que me valhas?