Vós, Ninfas Da Gangética Espessura
Vós, Ninfas da gangética espessura,
cantai suavemente, em vez sonora,
um grande CapitĂŁo, que a roxa Aurora
dos filhos defendeu da noite escura.Ajuntou-se a caterva negra e dura,
que na Ăurea Quersoneso afouta mora,
para lançar do caro ninho fora
aqueles que mais podem que a ventura.Mas um forte LeĂŁo, com pouca gente,
a multidão tão fera como nécia
destruindo castiga e torna fraca.Pois, Ăł Ninfas, cantai! que claramente
mais do que Leonidas fez em Grécia,
o nobre Leonis fez em Malaca.
Sonetos sobre Aurora de LuĂs de CamĂ”es
5 resultadosO Raio Cristalino S’estendia
O raio cristalino s’estendia
pelo mundo, da Aurora marchetada,
quando Nise, pastora delicada,
donde a vida deixava, se partia.Dos olhos, com que o Sol escurecia,
levando a vista em lĂĄgrimas banhada,
de si, do Fado e Tempo magoada,
pondo os olhos no Céu, assi dezia:-Nasce, sereno Sol, puro e luzente;
resplandece, fermosa e roxa Aurora,
qualquer alma alegrando descontente;que a minha, sabe tu que, desd’agora,
jamais na vida a podes ver contente,
nem tĂŁo triste nenhĂŒa outra pastora.
De quem o mesmo Amor nĂŁo se Apartava
JĂĄ a roxa e clara Aurora destoucava
Os seus cabelos de ouro delicados,
E das flores os campos esmaltados
Com cristalino orvalho borrifava;Quando o formoso gado se espalhava
De SĂlvio e de Laurente pelos prados;
Pastores ambos, e ambos apartados
De quem o mesmo Amor nĂŁo se apartava.Com verdadeiras lĂĄgrimas, Laurente,
â NĂŁo sei â dizia â Ăł Ninfa delicada,
Porque nĂŁo morre jĂĄ quem vive ausente,Pois a vida sem ti nĂŁo presta nada.
Responde SĂlvio: â Amor nĂŁo o consente,
Que ofende as esperanças da tornada.
Por Sua Ninfa, Céfalo Deixava
Por sua Ninfa, Céfalo deixava
Aurora, que por ele se perdia,
posto que dĂĄ princĂpio ao claro dia,
posto que as roxas flores imitava.Ele, que a bela PrĂłcris tanto amava
que sĂł por ela tudo enjeitaria,
deseja de atentar se lhe acharia
tão firme fé como nele achava.Mudado o trajo, tece o duro engano:
outro se finge, preço pÔe diante,
quebra se a fé mudåvel, e consente.à engenho sutil para seu dano!
Vede que manhas busca um cego amante
para que sempre seja descontente!
JĂĄ A Saudosa Aurora Destoucava
JĂĄ a saudosa Aurora destoucava
os seus cabelos d’ouro delicados,
e as flores, nos campos esmaltados,
do cristalino orvalho borrifava;quando o fermoso gado se espalhava
de SĂlvio e de Laurente pelos prados;
pastores ambos, e ambos apartados,
de quem o mesmo Amor nĂŁo se apartava.Com verdadeiras lĂĄgrimas, Laurente,
-NĂŁo sei (dizia) Ăł Ninfa delicada,
porque nĂŁo morre jĂĄ quem vive ausente,pois a vida sem ti nĂŁo presta nada?
Responde SĂlvio:-Amor nĂŁo o consente,
que ofende as esperanças da tornada.