Sonetos sobre Bancos

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Sonetos de bancos escritos por poetas consagrados, filósofos e outros autores famosos. Conheça estes e outros temas em Poetris.

Há Um Poeta Em Mim Que Deus Me Disse

Há um poeta em mim que Deus me disse…
A Primavera esquece nos barrancos
As grinaldas que trouxe dos arrancos
Da sua efĂŞmera e espectral ledice…

Pelo prado orvalhado a meninice
Faz soar a alegria os seus tamancos…
Pobre de anseios teu ficar nos bancos
Olhando a hora como quem sorrisse…

Florir do dia a capitĂ©is de Luz…
Violinos do silĂŞncio enternecidos…
TĂ©dio onde o sĂł ter tĂ©dio nos seduz…

Minha alma beija o quadro que pintou…
Sento-me ao pé dos séculos perdidos
E cismo o seu perfil de inĂ©rcia e vĂ´o…

Testamento do Homem Sensato

Quando eu morrer, não faças disparates
nem fiques a pensar: «Ele era assim…»
mas senta-te num banco de jardim,
calmamente comendo chocolates.

Aceita o que te deixo, o quase nada
destas palavras que te digo aqui:
foi mais que longa a vida que eu vivi,
para ser em lembranças prolongada.

Porém, se, um dia, só, na tarde em queda,
surgir uma lembrança desgarrada,
ave que nasce e em voo se arremeda,

deixa-a pousar em teu silĂŞncio, leve
como se apenas fosse imaginada,
com uma luz, mais que distante, breve.

O Sono

É um braço magro de mulher, uns olhos espectrais
e brilhantes, uma cabeça de esfinge, uma lâmpada
que fumega. Talvez por os nĂŁo vermos, vejamos rios
que flamejam, jardins sepultos, um antepassado

desconhecido e cinzento que se derrama no quarto,
um portão esvoaçante, uma pequena fenda por onde
se vai até às nuvens nocturnas. Tudo o que
lá possa estar é tudo: a vassoura esquecida,

o rosto primordial da mãe, uma torre de cadáveres
ou um modesto banco de madeira onde deixaram
um vaso verídico de gerânios. Talvez um deus

vĂ­treo, rĂştilo ou, pintada de azul, uma virgem ocre
no cume de colina grega. Uma estranha mĂşsica soa
nas paredes, antes do exĂ­lio para onde nos leva o sono.

A Rua Dos Cataventos – X

Eu faço versos como os saltimbancos
Desconjuntam os ossos doloridos.
A entrada Ă© livre para os conhecidos…
Sentai, Amadas, nos primeiros bancos!

Vão começar as convulsões e arrancos
Sobre os velhos tapetes estendidos…
Olhai o coração que entre gemidos
Giro na ponta dos meus dedos brancos!

“Meu Deus! Mas tu nĂŁo tu nĂŁo mudas o programa!”
Protesta a clara voz das Bem-Amadas.
“Que tĂ©dio!” o coro dos Amigos clama.

“Mas que vos dar de novo e de imprevisto?”
Digo… e retorço as pobres mĂŁos cansadas:
“Eu sei chorar… eu sei sofrer… SĂł isto!”

As Tuas MĂŁos Terminam Em Segredo

As tuas mĂŁos terminam em segredo.
Os teus olhos sĂŁo negros e macios
Cristo na cruz os teus seios (?) esguios
E o teu perfil princesas no degredo…

Entre buxos e ao pé de bancos frios
Nas entrevistas alamedas, quedo
O vendo põe o seu arrastado medo
Saudoso o longes velas de navios.

Mas quando o mar subir na praia e for
Arrasar os castelos que na areia
As crianças deixaram, meu amor,

Será o haver cais num mar distante…
Pobre do rei pai das princesas feias
No seu castelo Ă  rosa do Levante !