O Sono
É um braço magro de mulher, uns olhos espectrais
e brilhantes, uma cabeça de esfinge, uma lâmpada
que fumega. Talvez por os nĂŁo vermos, vejamos rios
que flamejam, jardins sepultos, um antepassadodesconhecido e cinzento que se derrama no quarto,
um portão esvoaçante, uma pequena fenda por onde
se vai até às nuvens nocturnas. Tudo o que
lá possa estar é tudo: a vassoura esquecida,o rosto primordial da mãe, uma torre de cadáveres
ou um modesto banco de madeira onde deixaram
um vaso verĂdico de gerânios. Talvez um deusvĂtreo, rĂştilo ou, pintada de azul, uma virgem ocre
no cume de colina grega. Uma estranha mĂşsica soa
nas paredes, antes do exĂlio para onde nos leva o sono.
Sonetos sobre Cadáver de Orlando Neves
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