Quando As Folhas CaĂrem Nos Caminhos
Quando as folhas caĂrem nos caminhos,
ao sentimentalismo do sol poente,
nĂłs dois iremos vagarosamente,
de braços dados, como dois velhinhos,e que dirá de nós toda essa gente,
quando passarmos mudos e juntinhos?
– “Como se amaram esses coitadinhos!
como ela vai, como ele vai contente!”E por onde eu passar e tu passares,
hĂŁo de seguir-nos todos os olhares
e debruçar-se as flores nos barrancos…E por nós, na tristeza do sol posto,
hĂŁo de falar as rugas do meu rosto
hĂŁo de falar os teus cabelos brancos.
Sonetos sobre Caminhos de Guilherme de Almeida
2 resultados Sonetos de caminhos de Guilherme de Almeida. Leia este e outros sonetos de Guilherme de Almeida em Poetris.
Soneto XXI
Fico – deixas-me velho. Moça e bela,
partes. Estes gerânios encarnados,
que na janela vivem debruçados,
vão morrer debruçados na janela.E o piano, o teu canário tagarela,
a lâmpada, o divã, os cortinados:
– “Que é feito dela?” – indagarão – coitados!
E os amigos dirão: – “Que é feito dela?”Parte! E se, olhando atrás, da extrema curva
da estrada, vires, esbatida e turva,
tremer a alvura dos cabelos meus;irás pensando, pelo teu caminho,
que essa pobre cabeça de velhinho
é um lenço branco que te diz adeus!