Soneto Sentimental À Cidade De São Paulo

Ă“ cidade tĂŁo lĂ­rica e tĂŁo fria!
Mercenária, que importa – basta! – importa
Que Ă  noite, quando te repousas morta
Lenta e cruel te envolve uma agonia

Não te amo à luz plácida do dia
Amo-te quando a neblina te transporta
Nesse momento, amante, abres-me a porta
E eu te possuo nua e frĂ­gida.

Sinto como a tua Ă­ris fosforeja
Entre um poema, um riso e uma cerveja
E que mal há se o lar onde se espera

Traz saudade de alguma Baviera
Se a poesia Ă© tua, e em cada mesa
Há um pecador morrendo de beleza?