A Casa Da Rua AbĂlio
A casa que foi minha, hoje Ă© casa de Deus.
Traz no topo uma cruz. Ali vivi com os meus,
Ali nasceu meu filho; ali, sĂł, na orfandade
Fiquei de um grande amor. Às vezes a cidadeDeixo e vou vê-la em meio aos altos muros seus.
Sai de lá uma prece, elevando-se aos céus;
SĂŁo as freiras rezando. Entre os ferros da grade,
Espreitando o interior, olha a minha saudade.Um sussurro também, como esse, em sons dispersos,
Ouvia não há muito a casa. Eram meus versos.
De alguns talvez ainda os ecos falaram,E em seu surto, a buscar o eternamente belo,
Misturados Ă voz das monjas do Carmelo,
Subirão até Deus nas asas da oração.
Sonetos sobre CĂ©u de Alberto d'Oliveira
3 resultadosNo Penedo da Meditação
Aprende-se atĂ© morrer…
Mas eu fui mais refractário:
Morrerei sem aprender,
Vida, o teu abecedário!Nem a Dor, nem o Prazer,
No seu vaivém arbitrário,
Souberam dar ao meu ser
As regras do seu fadário.O céu trasborda de estrelas,
Mas Ă© cifrado e secreto
Para mim, que nĂŁo sei lĂŞ-las.Cego, surdo, analfabeto,
De nada entendo o motivo,
Nem quem sou, nem porque vivo…
VĂłs Outros! que Dizeis que o Amor Ă© um SuplĂcio
VĂłs outros! que dizeis que o Amor Ă© um suplĂcio,
Que a flor da Decepção se abre em todo o Prazer,
Que aconselhais Ă Alma o mosteiro, e o cilĂcio,
Pois nada pode consolar-nos de viver:Ponde os olhos em mim, neste celeste Amor
Que me vai desdobrando e alumiando o caminho,
Mesmo quando o alto CĂ©u, sem frescura e sem cor,
Tem as engelhas de algum velho pergaminho…Vede como eu quero viver, por merecĂŞ-la,
Eu que sou pecador, a ela longĂnqua Estrela!
No esforço de ser bom, branco como um altar:De modo que a minha Alma, enfim, fique tão crente,
Que se possa casar Ă sua estreitamente,
Como um floco de neve a um raio de luar!