Horas De Sombra
Horas de sombra, de silĂȘncio amigo
Quando hĂĄ em tudo o encanto da humildade
E que o anjo branco e belo da saudade
Roga por nĂłs o seu perfil antigo.Horas que o coração nĂŁo vĂȘ perigo
De gozar, de sentir com liberdade…
Horas da asa imortal da Eternidade
Aberta sobre tumular jazigo.Horas da compaixĂŁo e da clemĂȘncia,
Dos segredos sagrados da existĂȘncia,
De sombras de perdão sempre benditas.Horas fecundas, de mistério casto,
Quando dos céus desce, profundo e vasto,
O repouso das almas infinitas.
Sonetos sobre ClemĂȘncia
5 resultadosA. S. Francisco Tomando O Poeta O Habito De Terceyro
Ă magno serafim, que a Deus voaste
Com asas de humildade, e paciĂȘncia,
E absorto jĂĄ nessa divina essĂȘncia
Logras o eterno bem, a que aspiraste:Pois o caminho aberto nos deixaste,
Para alcançar de Deus tambĂ©m clemĂȘncia
Na ordem singular de penitĂȘncia
Destes Filhos Terceiros, que criaste.A Filhos, como Pai, olha queridos,
E intercede por nĂłs, Francisco Santo,
Para que te sigamos, e imitemos.E assim desse teu hĂĄbito vestidos
Na terra blasonemos de bem tanto,
E depois para o CĂ©u juntos voemos.
Alma Ferida
Alma ferida pelas negra lanças
Da Desgraça, ferida do Destino,
Alma,[a] que as amarguras tecem o hino
Sombrio das cruéis desesperanças,Não desças, Alma feita de heranças
Da Dor, não desças do teu céu divino.
Cintila como o espelho cristalino
Das sagradas, serenas esperanças.Mesmo na Dor espera com clemĂȘncia
E sobe Ă sideral resplandecĂȘncia,
Longe de um mundo que sĂł tem peçonha.Das ruĂnas de tudo ergue-te pura
E eternamente, na suprema Altura,
Suspira, sofre, cisma, sente, sonha!
VisĂŁo Realizada
Sonhei que a mim correndo o gnĂdeo nume
Vinha coa Morte, co CiĂșme ao lado,
E me bradava: “Escolhe, desgraçado,
Queres a Morte, ou queres o CiĂșme?”“NĂŁo Ă© pior daquela fouce o gume
Que a ponta dos farpÔes que tens provado;
Mas o monstro voraz, por mim criado,
Quanto horror hĂĄ no Inferno em si resume.”Disse; e eu dando um suspiro: “Ah, nĂŁo m’espantes
Coa a vista dessa fĂșria!… Amor, clemĂȘncia!
Antes mil mortes, mil infernos antes!”Nisto acordei com dor, com impaciĂȘncia;
E nĂŁo vos encontrando, olhos brilhantes,
Vi que era a minha morte a vossa ausĂȘncia!
Pequei, Senhor; Mas NĂŁo Porque Hei Pecado
Pequei, Senhor; mas nĂŁo porque hei pecado,
Da vossa alta clemĂȘncia me despido,
Porque quanto mais tenho delinqĂŒido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um sĂł gemido:
Que a mesma culpa, que vos hĂĄ ofendido,
Vos tem para o perdĂŁo lisonjeado.Se uma ovelha perdida e jĂĄ cobrada
GlĂłria tal e prazer tĂŁo repentino
Vos deu, como afirmais na sacra histĂłria:Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e nĂŁo queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glĂłria.