Sepultura d’um Poeta Maldito

Se, em noite horrorosa, escura,
Um cristão, por piedade,
te conceder sepultura
Nas ruĆ­nas d’alguma herdade,

As aranhas hão-de armar
No teu coval suas teias,
E nele irão procriar
VĆ­boras e centopeias.

E sobre a tua cabeƧa,
A impedi-la que adormeƧa.
– Em constantes comoƧƵes,

HƔs-de ouvir lobos uivar,
Das bruxas o praguejar,
E os conluios dos ladrƵes.

Tradução de Delfim Guimarães