Doce Sonho, Suave E Soberano
Doce sonho, suave e soberano,
se por mais longo tempo me durara!
Ah! quem de sonho tal nunca acordara,
pois havia de ver tal desengano!Ah! deleitoso bem! ah! doce engano!
Se por mais largo espaço me enganara!
Se entĂŁo a vida mĂsera acabara,
de alegria e prazer morrera ufano.Ditoso, nĂŁo estando em mim, pois tive,
dormindo, o que acordado ter quisera.
Olhai com que me paga meu destino!Enfim, fora de mim, ditoso estive.
Em mentiras ter dita razĂŁo era,
pois sempre nas verdades fui mofino.
Sonetos sobre Desengano de LuĂs de Camões
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Bem Sei, Amor, que Ă© Certo o que Receio
Bem sei, Amor, que Ă© certo o que receio;
Mas tu, porque com isso mais te apuras,
De manhoso, mo negas, e mo juras
Nesse teu arco de ouro; e eu te creio.A mĂŁo tenho metida no meu seio,
E nĂŁo vejo os meus danos Ă s escuras;
Porém porfias tanto e me asseguras,
Que me digo que minto, e que me enleio.Nem somente consinto neste engano,
Mas inda to agradeço, e a mim me nego
Tudo o que vejo e sinto de meu dano.Oh poderoso mal a que me entrego!
Que no meio do justo desengano
Me possa inda cegar um moço cego?