Fraqueza
Espero-te… E sei bem que eu só que te espero…
Aqui me tens… Constante e eterna é a expectativa!
Por que hei de ser assim sempre ingênuo e sincero
por mais que experiência eu tenha, e a vida eu viva?Chegarás… e terás uma resposta esquiva
ao que te perguntar… E eu que tanto te quero
renderei novamente a minha alma cativa,
enquanto sorrirás feliz… e eu desespero…Há um imenso poder nessa tua humildade,
e esse teu ar de mansa ternura e meiguice
estraçalha aos teus pés toda a minha vontade…Que fazer? Hei de sempre perdoar o que fazes…
E se choras, nem sei… Esquecendo o que disse
sou eu que enxugo o pranto e ainda proponho as pazes!
Sonetos sobre Desespero de J. G. de Araújo Jorge
3 resultadosDescida
O que tinha de ser já foi… E está perdida
aquela ânsia de espera, de desejo e fé,
e tudo o que virá será cópia esbatida
da Vida que foi Vida e hoje Vida não é…Muito pouco de tudo ainda resta de pé…
Agora, nunca mais estréias… Repetida
a alma se reverá um desespero, até
que a vida já não valha a pena ser vivida…Do que foi canto e flor restam só as raízes,
e ao tédio que envenena os dias mais risonhos
repito: nunca mais estréias… só reprises…E que importa o que vier? Sejam anos ou meses?
– Nunca mais a beleza dos primeiros sonhos!
– Nunca mais a surpresa das primeiras vezes!
Vencido
Bem que te quis dizer as palavras mais duras,
gritar que te desprezo… que te odeio enfim…
fingir que já não tenho um mundo de tortura
no mundo de aflições que sinto dentro de mim…Bem que quis te ocultar as minhas desventuras,
escarnecer da dor que ao meu viver deu fim,
relembrar a sorrir as tuas falsas juras
e ofender-te, e magoar-te, e me vingar assim…Bem que tudo tentei. Mas nada consegui.
E maldigo-me agora, e sofro, e desespero,
porque não soube odiar. . . porque não te ofendi…Foste cruel… Entretanto, em meu tormento atroz,
– foge-me a própria vida se esquecer te quero…
– se te quero ofender, falta-me a própria voz!