Sonetos sobre Destino de Humberto de Campos

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Sonetos de destino de Humberto de Campos. Leia este e outros sonetos de Humberto de Campos em Poetris.

Dor

Há de ser uma estrada de amarguras
a tua vida. E andá-la-ás sozinho,
vendo sempre fugir o que procuras
disse-me um dia um pálido adivinho.

“No entanto, sempre hás de cantar venturas
que jamais encontraste… O teu caminho,
dirás que é cheio de alegrias puras,
de horas boas, de beijos, de carinho…”

E assim tem sido… Escondo os meus lamentos:
É meu destino suportar sorrindo
as desventuras e os padecimentos.

E no mundo hei de andar, neste desgosto,
a mentir ao meu Ă­ntimo, cobrindo
os sinais destas lágrimas no rosto!

Poeira

Poeira leve, a vibrar as moléculas: poeira
Que um pobre sonhador, Ă  luz da Arte, risonho,
Busca fazer faiscar: pĂł, que se ergue Ă  carreira
Do Mazepa do Amor pela estepe do Sonho.

Para ver-te subir, voar da crosta rasteira
Da terra, a trabalhar, todas as forças ponho:
E a seguir teu destino, enlevada, a alma inteira
O teu ciclo fará, seja suave ou tristonho.

Não irás, com certeza, alto ou distante. O insano
Pó não és que, a turvar o céu claro da Itália,
Traz o vento, a bramir, do Deserto africano:

Que Ă©s o humĂ­limo pĂł duma estrada sem povo,
Que, pisado uma vez, pelo ambiente se espalha,
Sente um raio de Sol, cai na terra de novo.