Ă tu, consolador dos malfadados
Ă tu, consolador dos malfadados,
Ă tu, benigno dom da mĂŁo divina,
Das mĂĄgoas saborosa medicina,
Tranquilo esquecimento dos cuidados:Aos olhos meus, de prantear cansados,
Cansados de velar, teu voo inclina;
E vĂłs, sonhos d’amor, trazei-me Alcina,
Dai-me a doce visĂŁo de seus agrados:Filha das trevas, frouxa sonolĂȘncia,
Dos gostos entre o férvido transporte
Quanto me foi suave a tua ausĂȘncia!Ah!, findou para mim tĂŁo leda sorte;
Agora Ă© sĂł feliz minha existĂȘncia
No mudo estado, que arremeda a morte.
Sonetos sobre Dom de Manuel Maria Barbosa du Bocage
4 resultadosCamÔes, Grande CamÔes, quão Semelhante
CamÔes, grande CamÔes, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,
Arrostar co’o sacrĂlego gigante;Como tu, junto ao Ganges sussurrante,
Da penĂșria cruel no horror me vejo;
Como tu, gostos vĂŁos, que em vĂŁo desejo,
TambĂ©m carpindo estou, saudoso amante.LudĂbrio, como tu, da Sorte dura
Meu fim demando ao Céu, pela certeza
De que sĂł terei paz na sepultura.Modelo meu tu Ă©s, mas… oh, tristeza!…
Se te imito nos transes da Ventura,
NĂŁo te imito nos dons da Natureza.
Desejo Amante
Elmano, de teus mimos anelante,
Elmano em te admirar, meu bem, nĂŁo erra;
IncomparĂĄveis dons tua alma encerra,
Ornam mil perfeiçÔes o teu semblante:Granjeias sem vontade a cada instante
Claros triunfos na amorosa guerra:
Tesouro que do Céu vieste à Terra,
NĂŁo precisas dos olhos de um amante.Oh!, se eu pudesse, Amor, oh!, se eu pudesse
Cumprir meu gosto! Se em altar sublime
Os incensos de Jove a LĂlia desse!Folgara o coração quanto se oprime;
E a RazĂŁo, que os excessos aborrece,
Notando a causa, revelara o crime.
à Tranças De Que Amor PrisÔes Me Tece
à tranças de que Amor prisÔes me tece,
Ă mĂŁos de neve, que regeis meu fado!
à tesouro! à mistério! à par sagrado,
Onde o menino alĂgero adormece!Ă ledos olhos, cuja luz parece
TĂȘnue raio de sol! Ă gesto amado,
De rosas e açucenas semeado,
Por quem morrera esta alma, se pudesse!Ă lĂĄbios, cujo riso a paz me tira,
E por cujos dulcĂssimos favores
Talvez o prĂłprio JĂșpiter suspira!Ă perfeiçÔes! Ă dons encantadores!
De quem sois? Sois de VĂȘnus? – Ă mentira;
Sois de MarĂlia, sois dos meus amores.