ReminiscĂŞncia

Um dia a vi, nas lamas da miséria,
Como entre pântanos um branco lírio,
Velada a fronte em palidez funérea,
O frio véu das noivas do martírio!

Pedia esmola — pequena e séria —
Os seios, pastos de eternal delĂ­rio,
Cobertos eram de uma cor cinérea —
Seus olhos tinham o brilhar do cĂ­rio.

Tempos depois n’um carro — audaz, brilhante,
Uma mulher eu vi — febril, galante…
Lancei-lhe o olhar e… maldição! tremi…

Ria-se — cĂ­nica, servil… faceira?
O carro n’uma nuvem de poeira
Se arremessou… e eu nunca mais a vi!