Sonetos sobre Espelho de Anibal Beça

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Sonetos de espelho de Anibal Beça. Leia este e outros sonetos de Anibal Beça em Poetris.

Contemplação

Nas crinas de cavalos reclinados
penteia o vento nuvens retorcidas
enquanto a sombra cai do céu calado
na relva da campina amanhecida.

Passeia o sol as hastes sublevadas
dos girassóis lambidos no rocio
que vaidosos se alçam na mirada
narcisos desse espelho em seu feitio.

A calma da manhã veste amarelo
e despe toda angústia na brandura
das cores desse dia sem duelo.

Sendo o perdido me acho sem procura
sofrendo tenho sido meu flagelo
mas esse olhar agora me inaugura.

Senhora I

No calmo colo pouso meus segredos
Senhora que sabeis minhas fraquezas.
convoco só convosco o que antecedo
na lira ensimesmada da incerteza.

Não sei se o vero verso do degredo
vem albergado ou presa de represa
das frias águas íntimas do medo
lavando o frágil lado da tristeza.

A depressiva face não mostrada
esplende em vosso espelho que me abriga
lambendo o sal dos olhos da geada.

Águas que são do orvalho da fadiga
de recorrentes gotas espalhadas
regando as vossas mãos de amada e amiga