Caminho
I
Tenho sonhos cruĂ©is; n’alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente…Saudades desta dor que em vĂŁo procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum vĂ©u escuro!…Porque a dor, esta falta d_harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o cĂ©u d’agora,Sem ela o coração Ă© quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque Ă© sĂł madrugada quando chora.II
Encontraste-me um dia no caminho
Em procura de quĂŞ, nem eu o sei.
d Bom dia, companheiro, te saudei,
Que a jornada é maior indo sozinhoÉ longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei…
Na venda em que poisaste, onde poisei,
Bebemos cada um do mesmo vinho.É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha dum calvário,
E queima como a areia!… Foi no entantoQue choramos a dor de cada um…
Sonetos sobre Espinhos
24 resultadosCaminho II
Encontraste-me um dia no caminho
Em procura de quĂŞ, nem eu o sei.
– Bom dia, companheiro, te saudei,
Que a jornada é maior indo sozinhoÉ longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei…
Na venda em que poisaste, onde poisei,
Bebemos cada um do mesmo vinho.É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha dum calvário,
E queima como a areia!… Foi no entantoQue choramos a dor de cada um…
E o vinho em que choraste era comum:
Tivemos que beber do mesmo pranto.
Caminho
II
Encontraste-me um dia no caminho
Em procura de quĂŞ, nem eu o sei.
– Bom dia, companheiro – te saudei,
Que a jornada é maior indo sozinho.É longe, é muito longe, há muito espinho!
Paraste a repousar, eu descansei…
Na venda em que poisaste, onde poisei,
Bebemos cada um do mesmo vinho.É no monte escabroso, solitário.
Corta os pés como a rocha dum calvário,
E queima como a areia!… Foi no entantoQue chorámos a dor de cada um…
E o vinho em que choraste era comum:
Tivemos que beber do mesmo pranto.
Asas Abertas
As asas da minh’alma estĂŁo abertas!
Podes te agasalhar no meu Carinho,
Abrigar-te de frios no meu Ninho
Com as tuas asas trĂŞmulas, incertas.Tu’alma lembra vastidões desertas
Onde tudo Ă© gelado e Ă© sĂł espinho.
Mas na minh’alma encontrarás o Vinho
e as graças todas do Conforto certas.Vem! Há em mim o eterno Amor imenso
Que vai tudo florindo e fecundando
E sobe aos cĂ©us como sagrado incenso.Eis a minh’alma, as asas palpitando
Com a saudade de agitado lenço
o segredo dos longes procurando…